Maria Filomena Mónica
Obra Completa de Mark Twain, ed. Library of America
«O Mark Twain tem tudo: desde a capacidade para nos comover, até à de nos fazer rir e de nos transmitir uma visão própria do mundo.
Considero-o um dos maiores escritores do século XIX, a par de Tolstoi, de Dickens e de Flaubert.
Foi ele que me ajudou a crescer. A leitura aos 10 anos – ainda em versão portuguesa – de As aventuras de Tom Sawyer estimularam a minha rebeldia. Li a maioria dos seus livros, sempre com prazer e proveito. Ainda hoje, fui reler The Diaries of Adam and Eve, o conto mais iconoclasta que conheço sobre as relações entre o homem e a mulher. Uma obra-prima de humor.
Por que gostaria de possuir a edição da Library of America? Porque é uma colecção com introduções e notas primorosamente feitas. Estes livros, não comerciais, inspiraram-se na colecção francesa de La Pléiade, tendo o seu patrono inicial sido o grande crítico literário Edmund Wilson. Não se trata de edições críticas, mas de edições rigorosas, o que, com pena minha, ainda não sucede com as obras de Eça de Queiroz.
Fundada em 1979 com dinheiro da National Endowment for the Humanities e da Fundação Ford, a Library of America tem hoje mais de 300 volumes. Os primeiros volumes saíram em 1982, tendo sido nesta data que foram publicados os oito que eu gostaria de receber de presente de Natal. Nada me poderia fazer mais feliz do que passar o ano de 2019 a ler e reler tudo o que Twain escreveu».
Jaime Nogueira Pinto
O Grande Gatsby F. Scott Fitzgerald
«Eu queria o Grande Gatsby do Scott Fitzgerald. Já o li três vezes na vida mas descubro nele – e é a característica dos grandes romances – sempre coisas novas. Coisas novas sobre o amor, as mulheres, os homens, o tempo que passa e o tempo que passou. E sobre a América. O Gatsby é um tratado sobre a América.
São as tais leituras diferentes nas nossas diferentes idades: na primeira – aos dezoito anos – foi uma história de paixão funda, profunda, romântica, infeliz; depois, na segunda, vinte anos depois, foi isso mais a sociologia dos ricos e dos pobres, o dinheiro, o poder, o que mexe o quê; na terceira vez, talvez pelos 60, foi isso tudo mais o Tratado Geral sobre a América. E também fui vendo os vários filmes, três versões: a de 1949, com Allan Ladd a de 1974 com Robert Redford e a de 2013, com Leonardo DiCaprio. E sei que quando voltar a lê-lo vou descobrir mais coisas. Os clássicos são assim».
Mário Cordeiro
Tantas Palavrasde Chico Buarque
«Chico Buarque. Quem não o conhece? Felizmente as suas canções ouvem-se desde há décadas, e é um poeta, escritor, humanista, defensor dos direitos das pessoas, designadamente das mulheres; a forma, aliás, como consegue interpretar o pensamento feminino, ainda por cima em situações de desencanto, desespero e sofrimento é excecional. Os seus versos são simples, rítmicos, melódicos, envolventes. As músicas completam essa literatura. A voz encanta e comove.
Tantas palavras escritas e tantas ainda por escrever, dizer, cantar.
Pois é um dos livros que gostaria de ter este Natal: “Tantas palavras”, o novo livro de Chico, a quem não me repugnaria tivessem dado o Nobel da Literatura».
Guilherme d’Oliveira Martins
Princípio de Karenina de Afonso Cruz
«Princípio de Karenina, de Afonso Cruz (Companhia das Letras), interessa-me porque põe sobre a mesa a questão fundamental da relação com o que é diferente. Em lugar do medo do outro, encontramos a revelação da magia do encontro. Com as qualidades do autor e da sua boa escrita, ele põe-nos um pai a escrever à filha que não conhece para contar a sua história. Como é ir à antiga Cochinchina, ao Camboja e ao Vietname (que foi destino de uma viagem real), para perceber aquilo que realmente se é?».
António-Pedro Vasconcelos
Colapso de Jared Diamond
«O livro de que ando à procura e não encontro é o Colapso, do Jared Diamond. Tinha lido, já há uns anos, Armas, Germes e Aço e alguém me falou deste livro, cuja reflexão me interessa particularmente, no momento em que assistimos ao que ameaça ser o maior colapso da nossa civilização desde o fim do império Romano!».
Isabel Mota
Factfulness de Hans Rosling
«Além da importância da análise e da qualidade do seu autor, este livro é um excelente ponto de partida para compreender o nosso tempo. Refletir e debater sobre as grandes questões globais faz parte da ação da Fundação Gulbenkian e esta obra pode ser também uma inspiração para melhor anteciparmos o futuro».
Manuel Alegre
O Ruído do Tempo de Julian Barnes
«Este livro interessa-me por duas razões. A primeira, porque fala da vida de um compositor de que gosto muito – Dmitri Schostakovich. Depois porque trata de uma ideologia que detesto – o estalinismo.»