1.A esquerda voltou a revelar a sua verdadeira natureza hipócrita; não tem convicções, não tem ideias, já nem mesmo contingências – apenas conveniências. O espectáculo mediático que o PS e as suas muletas esquerdistas (BE e PCP) montaram foi absolutamente deplorável. Em rigor, a própria criação-encenação de uma “maioria política estável”, com a conivência do Presidência da República (que um dia terá de explicar o seu conceito de estabilidade política) e da larguíssima maioria da comunicação social, crismada como “geringonça” (designação que pecará por ser demasiado ternurenta face à tragédia da realidade retratada), é, ela própria, uma invenção mediática digna dos mais ilustres mestres de ilusionismo.
Já aqui o descrevemos à exaustão: a geringonça é uma fraude mediática, política e constitucional. Serviu apenas para sustentar o sonho de menino de António Costa de se tornar Primeiro-Ministro a todo o custo – e de salvar o estatuto mínimo do PS como partido de poder, acossado que estava (ainda está?) pelas acusações de prática de actos de corrupção no exercício de funções governativas.
2.Acaso António Costa não tivesse levado a cabo o golpe palaciano, em cumplicidade pornográfica hardcore com a extrema-esquerda, de conquista do poder à revelia da vontade dos portugueses, o PS teria entrado numa crise profunda com risco de fragmentação interna e eventual colapso definitivo.
No fundo, aconteceria ao PS o que acabou por suceder aos partidos políticos sobre os quais impenderam acusações de corrupção ao mais alto nível decisório um pouco por todo o mundo: extinguir-se-ia ou tornar-se-ia irrelevante.
Jerónimo de Sousa, Catarina Martins (e, em alguma medida, Marcelo Rebelo de Sousa) são os verdadeiros salvadores do PS – para quando uma estátua desta troika salvífica socialista no Largo do Rato, em lugar de destaque?
3.Dito isto, o PS de António Costa continua a brincar connosco, com todos os portugueses, à grande e à socialista. Volvidos já três anos de governação costista, o extremo-PS e a extrema-PS insistem na farsa, na dissimulação, na encenação mais descarada – como não se entendem pela positiva, optam por criar um inimigo externo que lhes permita transmitir uma ideia de coesão.
Foi o que sucedeu na reacção aos chamados “coletes amarelos”: António Costa – entalado pelos problemas na saúde, pela contestação na educação, pelo desequilíbrio das contas públicas que as forças de choque internacionais porão a nu – resolveu encarar uma manifestação pacífica de alguns cidadãos nacionais como se de um verdadeiro acto terrorista se tratasse.
Aliás, o Governo, pela voz do Primeiro-Ministro oficial (Costa) e do Primeiro-Ministro oficioso (Carlos César), reagiu de forma mais dura à manifestação de alguns compatriotas preocupados com o futuro de Portugal do que às verdadeiras ameaças à segurança nacional.
Apostamos que caso se tratasse de uma efectiva ameaça lançada pelo terrorismo islâmico radical, o Governo geringonçado colocar-se-ia ao lado dos potenciais criminosos (que seriam injustiçados pela sociedade e , logo, vítimas) contra os nossos polícias. Confidenciou-nos um agente da PSP que todos os relatórios e informações internas das forças de segurança nacionais apontavam para uma manifestação pacífica, com risco moderado/baixo.
No entanto, o Governo de António Costa resolveu tratar a manifestação dos “coletes amarelos” como um acontecimento que quase justificaria a declaração de estado de sítio!
Resultado: assistimos à bizarria de termos mais polícias do que manifestantes, gerando sorrisos nos meios diplomáticos e internacionais…Jornalista alemão acreditado em Lisboa confessou mesmo que nunca vira algo semelhante, nem mesmo no dito terceiro mundo…
Na verdade, se a manifestação dos “coletes amarelos” representasse um verdadeiro problema, António Costa não teria permanecido em território nacional: teria embarcado, de imediato, para Palma de Maiorca, para umas refrescantes férias de Natal antecipadas…
4.Qual a justificação para a reacção patética do Governo socialista-anedótico de António Costa?
Fácil: mostrar que é o verdadeiro líder da esquerda europeia, que não tem medo, que é implacável, por contraponto à indecisão e à cobardia de Emmanuel Macron. Quis reafirmar o seu estatuto de timoneiro da esquerda portuguesa, capaz de proteger comunistas e os outrora trotskistas (hoje, apenas “trotskostistas”) do BE, contra os desgraçados, os “imbecis” dos portugueses que não conseguem vislumbrar o brilhantismo, a genialidade desta “solução não-solução” governativa.
E quem pagou esta brincadeira? Os mesmos de sempre – nós, os pobres portugueses que temos de financiar, através do nível fiscal português verdadeiramente escandaloso, estes tiques de sobranceria dos socialistas, comunistas e outros fanáticos da extrema-esquerda!
A pergunta que se impõe é quanto nos custou – a nós, cidadãos e contribuintes portugueses – esta reacção desproporcional, absolutamente injustificada, do Governo de António Costa de mobilização de número inusitado de agentes da PSP para uma manifestação absolutamente normal, apenas para dar força à narrativa política do Governo e do PS? Costa utilizou recursos do Estado para uma encenação político-partidária, desviando atenções e acalmando as vozes (na aparência) críticas de PCP e do BE…
5.Por outro lado, ficou bem patente o carácter anti-democrático desses iluminados “senadores da República” de pacotilha, cuja Papa dá pelo nome de Francisco Anacleto Louçã.
Ora, Anacleto (nome que o próprio tenta esconder, porventura dadas as suas conotações burguesas) Louçã veio insurgir-se – vejam só a suprema lata e absoluta falta de topete! – contra as manifestações dos “coletes amarelos”, porque…se tratava de um notório acto da extrema-direita portuguesa!
Ou seja: para este iluminado Professor-Senador, tão democrata como o democrata Trostsky, Anacleto Louçã, todas as manifestações que a extrema-esquerda não controla só podem ser de extrema-direita!
Percebe-se: na sua cabeça totalitária, o Professor Anacelto é incapaz de conceber que entre a (sua) extrema-esquerda e a extrema-direita, haja um número considerável de portugueses que, sendo moderados, estão fartos dos jogos e joguinhos da política portuguesa.
Estão fartos de uma classe política que só “bota faladura”, que trata de si e dos seus interesses – e que se está a marimbar olimpicamente para o interesse de todos os portugueses.
Que adora falar – como o Professor Anacleto faz todas as semanas, em tribuna que o capitalista Francisco Pinto Balsemão lhe concede na SIC – dos pobrezinhos; mas que não se importa de pôr a sua (nova) gravata ao pescoço e aprovar os Orçamentos do outrora “miserável socialista rendido ao capital” António Costa, que afecta os mais carenciados e vulneráveis da sociedade portuguesa, desde que o seu BE seja devidamente compensado…É esta hipocrisia, que marca a esquerda portuguesa, que começa a cansar seriamente os portugueses!
6.O que vale a Costa e seus camaradas é a cumplicidade dos jornalistas, que estão rendidos à “geringonça” – alguns por convicção; a maioria por conveniência.
É que hoje os grandes proprietários dos jornais portugueses precisam que as respectivas publicações se situem politicamente à esquerda. Porquê?
Porque perceberam que é compensador ser amigo de António Costa – e que é deveras difícil, para os seus múltiplos negócios, ter uma relação complicada com uma personalidade dúbia e um carácter acintoso como são os do Primeiro-Ministro geringonçado.
Daí que o “DN”, detido por empresários chineses, tenha forçosamente de ser o braço armado do PS de Costa e, por extensão, de Marcelo Rebelo de Sousa.
Daí que o “Expresso” – que deve fretes a António Costa – tenha de proteger o Primeiro-Ministro, custe o que custar.
Daí que o “Público”, detido pela SONAE e composto maioritariamente por gente do Bloco de Esquerda, não se possa desviar do seu esquerdismo militante – é o preço a pagar para evitar que o BE e a maioria de esquerda proteste contra o grupo detentor do jornal e seus hipermercados.
E projectos editoriais de direita? Em Portugal, é impossível. Os empresários e capitalistas nacionais recusam sempre, alegando que não há dinheiro.
Para a direita, os grandes capitalistas portugueses nunca têm dinheiro; não lhes convém, pois pode implicar custos acrescidos para os seus negócios em outras áreas. Financiar a esquerda é um investimento mais seguro, com retorno sempre garantido…
7.Acreditam mesmo que, perante a contestação na saúde, na educação, na justiça, nos transportes, o PS esteja perto da maioria absoluta? Claro que não!
Não obstante, como julgam que o povo português é estúpido, o “Expresso” lá arranjou forma de publicar uma sondagem da “Eurosondagem” que dá o PS a subir, rumo a tal maioria….no pior mês de António Costa! Como todos sabemos, a “Eurosondagem” é uma empresa que pertence a ilustres militantes do PS – e que, em 2011, dava José Sócrates com uma maioria confortável contra Pedro Passos Coelho! Pois…
8.Resta saber, no próximo ano, se os portugueses querem recuperar, para si, a democracia – ou preferem alimentar este jogo de hipocrisia, de ilusões e de fingimentos democráticos de António Costa, de Francisco Anacleto Louçã e seus camaradas…
No Natal, já havia virado clássico assistirmos ao espectáculo do circo Vitor Hugo Cardinalli; este ano, porém tivemos o circo de António Costa(li), patrocinado pelos geringonçados PCP e BE – o problema é que este circo não se limita ao Natal, tendendo a prolongar-se pelo ano inteiro…
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