Foi a primeira vez que a China tentou fazer algo que as outras potências espaciais nunca tinham feito – numa corrida historicamente disputada por EUA e União Soviética – e conseguiu. Na passada quinta-feira, a agência espacial chinesa conseguiu alunar com sucesso no lado da Lua que nunca está virado para a Terra e que nunca tinha tido uma missão de exploração. O feito coube à missão Chang’e-4, que tocou terra firme às 10h26 (hora em Pequim) do passado 3 de janeiro.
O projeto em torno desta missão chinesa – parte de um plano maior de reconhecimento e eventual instalação de uma base luna – é ambicioso. Além de recolher dados inéditos do ponto de vista geológico e de caracterizar pela primeira vez o lado oculto do satélite natural, a bordo do equipamento segue um pequeno contentor com sementes de batata e arabidopsis, espécie usada no estudo da biologia vegetal, para avaliar a viabilidade do cultivo no Espaço. Em termos de informação, os dados que esperam recolher deverão permitir a ajudar a perceber melhor a formação da Lua. A agência espacial chinesa prevê ainda observações espaciais menos contaminadas pela interferência dos sinais de rádio da Terra, preenchendo assim o vazio na chamada radioastronomia de baixa frequência, que permite estudar a origem das estrelas.
O local de alunagem foi a cratera Von Kárman, perto do polo sul da Lua, uma formação com 24 mil quilómetros de largura e 13 quilómetros de profundidade. Até aqui tinha havido 27 alunagens, todas do lado da Lua virado para a Terra – como o tempo de rotação do satélite sobre si próprio e o tempo de translação em torno do planeta coincidem, há uma face que está sempre oculta, o que do ponto de vista técnico torna também mais complexo planear uma missão de exploração. A conquista chinesa da Lua arrancou em 2007 com o Chang’e-1 e o calendário aponta para missões tripuladas ao satélite em 2025.