Com as negociações para a desnuclearização da península coreana entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos num impasse, o líder norte-coreano, Kim Jong–un, dirigiu-se a Pequim para reforçar a aliança com o seu único e, por isso, principal aliado. Kim estará na China por três dias – entre 7 e 10 de janeiro -, desconhecendo-se a agenda. Especula-se que o segundo encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump, seja abordado.
É a quarta vez que Kim atravessa a fronteira norte-coreana em direção à China, onde se reúne com o presidente chinês, Xi Jinping. Na última viagem, em junho de 2018, o líder norte-coreano revelou ao seu homólogo chinês que queria avançar com reformas económicas, enquanto o segundo mostrou disponibilidade para apoiar o primeiro na melhoria do desempenho da agricultura.
Ainda que se desconheça a agenda entre os dois chefes de Estado, é possível que ambos debatam um possível segundo encontro entre Kim e Trump. Membros do Departamento de Estado têm-se reunido com elementos do governo norte-coreano para acordarem os termos do encontro. Os trabalhos parecem tão avançados que surgiram rumores de que o Vietname pode vir a ser o anfitrião – Trump já disse que o local será anunciado em breve.
Há meses que as negociações entre Washington e Pyongyang estão num impasse por ambos os lados terem leituras diferentes do acordado em Singapura, onde Trump e Kim se encontraram em junho. Para os EUA, a Coreia do Norte comprometeu–se com a desnuclearização total, enquanto Pyongyang diz que apenas avançaria com a desnuclearização se as sanções dos EUA fossem levantadas. Nenhum dos lados tem mostrado vontade de ceder nas suas posições.
“Kim está ansioso por lembrar à administração Trump que tem opções diplomáticas e económicas além do que Washington e Seul podem oferecer”, explicou Harry J. Kazianis, diretor de Estudos de Defesa no Centro para o Interesse Nacional, à Reuters. “De facto, durante o seu discurso de Ano Novo, o ‘novo caminho’ de Kim pode muito bem ter sido uma ameaça velada para se aproximar de Pequim. Isso deve deixar a América preocupada.”
A China sempre foi um pilar na sobrevivência do regime norte-coreano, seja pela ajuda económica, seja pela proteção militar – aliança que não tem impedido Kim de se aproximar do seu homólogo do sul, ora aprofundando as negociações para a desmilitarização do paralelo 38, ora com encontros e atos simbólicos. A tensão entre os dois países está hoje em mínimos históricos, com a fricção com os EUA a ser o principal obstáculo à desnuclearização da península.