Com a Casa Branca e os democratas de costas voltadas e o governo norte-americano parcialmente paralisado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu às televisões nacionais que lhe concedessem um tempo de antena de sete minutos para poder explicar as suas intenções relativamente à construção do muro na fronteira com o México. As televisões concederam-lhe o pedido e Trump falará hoje, às 21 horas locais (2 horas da manhã em Portugal), aos norte-americanos.
Recorde-se que o governo norte-americano está parcialmente paralisado há mais de três semanas, perfazendo hoje 17 dias, por Trump se recusar a aprovar o orçamento federal negociado entre os republicanos e os democratas e que não incluia os cinco mil milhões de dólares necessários para se construir o muro. Sem a aprovação da lei, o governo federal não tem verbas para continuar a funcionar na sua totalidade.
Trump disse que não irá terminar com o bloqueio até os democratas cederem à sua exigência, mostrando-se publicamente disponível para prolongar a situação indefinidamente. Há funcionários federais em casa e outros nos seus postos de trabalho sem receberem os seus salários, perfazendo mais de 800 mil na totalidade. Se a paralização ultrapassar as três semanas, será a mais longa de sempre.
Caso o arrastar da situação não obrigue os democratas a cederem, Trump poderá mesmo declarar a construção do muro uma emergência nacional para poder contornar a Câmara dos Representantes, órgão legislativo que desde a passada quinta-feira possui uma maioria democrata. É por esta razão que as expetativas sobre o discurso do presidente estão elevadas. A manobra representaria um escalar no choque entre os órgãos executivo e legislativo.
A cedência dos canais de televisão norte-americanos levaram a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, pedirem tratamento igual para impedir que o presidente possa fazer uma intervenção em horário nobre sem contraditório. "Agora que as televisões decidiram emitir a intervenção do presidente, que, de acordo com as suas anteriores declarações, estará cheia de malícia e desinformação, os devem receber imeadiatamente tempo igual", pode ler-se num comunicado conjunto.
Na semana passada, e como primeira ato de uma Câmara dos Representantes com maioria democratas, foi aprovada uma lei que termina o bloqueio enquanto os líderes do congresso e da administração continuam as negociações. No entanto, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, disse que não iria avançar com uma lei que não conta com o apoio do chefe de Estado, criando obstáculos para se terminar com o bloqueio.