O romance histórico de Antonio Scurati “M”, sobre a subida ao poder do ditador italiano Benito Mussolini, está no topo da lista dos bestsellers em Itália. “M” é divulgado como o primeiro romance a contar a história do fascismo sem “um filtro político ou ideológico”. O autor considera que “se o fascismo era malévolo, e trouxe o mal para Itália e para a Europa, isso deve surgir naturalmente na narração”.
Para Scurati, o fascínio por Mussolini em Itália não é novo nem de espantar. “Na imaginação italiana, Mussolini mantém–se como uma espécie de totem, uma figura de grande carisma, uma espécie de pai nacional perverso que reprimimos.” O autor considera que o livro “trouxe-o para fora dessa repressão”. O ditador ainda é conhecido por muitos como “Il Duce” (o líder), apesar da sua perseguição a opositores políticos e minorias.
Os críticos do livro consideram que “M” mostra Mussolini não como o monstro que era, mas como um protagonista com o qual é possível ter empatia. O livro é visto como sintoma da reabilitação do ditador numa altura em que a extrema-direita ganha poder na Europa, nomeadamente em Itália, onde Matteo Salvini é ministro do Interior.
O livro vai ser adaptado para televisão pela mesma produtora, a Wildside, que coproduziu a série da HBO baseada nos livros de Elena Ferrante.