Tancos. Detido mais um suspeito de estar envolvido no furto das armas

Suspeito viajou para a Suíça, mas regressou no mês passado para passar o Natal cá

Na quarta-feira à noite, a Polícia Judiciária (PJ), deteve outro suspeito envolvido no assalto aos paióis de Tancos – que ocorreu em junho de 2017. Segundo o i apurou, Fernando Baião será um dos últimos elementos do grupo a ser detido. 

O i sabe que na quarta-feira, por volta das 21h, o suspeito foi detido pela PJ em Ansião – sítio onde João Paulino, conhecido como o cabecilha do grupo que orquestrou o assalto, geria um bar. 

Como o suspeito se deslocou para fora do país, neste caso, para a Suíça com o intuito de se instalar lá e começar a trabalhar, foi emitido um mandado de detenção – que acabou por ser cumprido esta semana.

A PJ estava atenta à situação e, no mês passado quando Fernando Baião regressou a Portugal para passar o Natal, a autoridade teve conhecimento de que o suspeito estava em território português. O i sabe que as autoridades deixaram o suspeito passar o Natal tranquilamente, ante de o deter.

O suspeito foi ontem presente a juiz.

Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) revela que o suspeito ficou sujeito à medida de coação de prisão preventiva.

"Em causa estão factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico de armas, terrorismo internacional e tráfico de estupefacientes", indica o documento.

Assalto ligado à ETA?

Com o avançar da investigação, o caso vai-se tornando mais denso e ganhando novos contornos. No mês passado, a revista “Sábado” noticiou que um dos envolvidos no assalto a Tancos terá dito à PJ que o roubo tinha sido encomendado por alguém ligado à ETA – um grupo terrorista basco. No entanto, o i sabe que as ligações à ETA foram faladas por uma testemunha, mas esta não tem qualquer credibilidade para a PJ e que o assunto nunca esteve em cima da mesa, ou seja, não esteve nem está a ser investigado.

Colaboração de Paulino

A colaboração de João Paulino com a PJ, permitiu às autoridades ligar todas as peças do caso. Juntando a versão do assaltante às escutas foi possível realizar novas buscas no dia 17 de dezembro e, consequentemente, deter outros suspeitos no caso do furto de Tancos.

Depois do assalto a Tancos, com o país em alvoroço o caso começou a mudar de figura para Paulino. Desde que se apercebeu de que estava a ser investigado e, com receio de vir a ser preso, decidiu começar a colaborar com a PJ Militar, entregando inclusivamente parte do material com o acordo de que o seu nome nunca seria transmitido à PJ civil.

Sem noção dos contornos que o caso iria tomar e com medo de ser descoberto, Paulino acabou por denunciar o local onde as munições estavam escondidas, através de um acordo celebrado com a PJM e a GNR: as armas só seriam entregues, se estas duas entidades não revelassem o seu nome à PJ, que já o estava a investigar. Dessa forma, a PJM terá montado um esquema para tentar abafar a investigação que estava em curso sobre o assalto a Tancos. 

Mas, as suspeitas da PJ sobre o aparecimento das armas na Chamusca nunca se dissiparam, tendo esta descoberto a farsa montada, através de um inquérito aberto para apurar a forma como o material militar apareceu. 

Com a colaboração de Paulino a PJ conseguiu chegar a conversas telefónicas que acabaram por confirmar as suspeitas sobre o aparecimento das armas. Como o i noticiou no mês passado, numa conversa entre Paulino e um dos membros do grupo de assaltantes, António Laranjinha – um dos detidos na operação desencadeada no mês passado – é referido o acordo feito com a PJM para ocultar os nomes dos assaltantes. “Eles passaram… a história que passou foi que eles encontraram aquilo numa investigação que tem ligação a outras coisas, completamente… um processo de uns ciganos do Porto”, disse Paulino a Laranjinha, que mostrou saber do que estava a falar: “Sem querer apanharam aquilo…”. Questionando Paulino sobre o facto de não terem revelado nomes, a resposta foi clara: “Zero… zero…”.