O senador italiano Roberto Calderoli foi condenado a 18 meses de prisão, por insultos racistas à então ministra da integração, Cécile Kyenge, em 2013. Durante um comício, na cidade de Treviglio, perto de Milão, perante cerca de 1500 pessoas, o senador comparou a ministra, originária da República Democrática do Congo, com um "orangotango". A ex-ministra já reagiu à condenação no Facebook, escrevendo que "o racismo paga-se caro". Kyenge considerou a sentença "encorajadora para todos os que lutam contra o racismo", seja num terreno "legal, civico ou político".
A condenação chega mais de cinco anos depois do episódio, devido às dificuldades encontradas pelo tribunal de Bergamo em iniciar o processo contra Calderoli. O pedido processual inicial terá sido negado pelo Senado italiano, que defendeu que as suas opiniões foram "expressas por um parlamentar no exercício das suas funções", e como tal inquestionáveis. O tribunal de Bergamo apelou ao Tribunal Constitucional, que lhe deu razão no caso, permitindo o prosseguimento do processo, que culminou na condenação por difamação com agravante racista.
Roberto Calderoli faz parte do partido de extrema-direita Liga do Norte, que neste momento se encontra numa coligação de governo. O líder do partido e ministro do Interior, Matteo Salvini, tem sido críticado pelas suas propostas, consideradas racistas, em particular o endurecimento das políticas de imigração italianas e a recusa em receber refugiados.