Os diretores de departamento e de serviço do Hospital de Santa Maria dirigiram esta sexta-feira uma carta à ministra da Saúde a manifestar preocupação com o afastamento de Carlos Martins. O administrador soube esta semana que não será proposto para um novo mandato à frente do hospital. As chefias médicas dizem estranhar a "decisão inesperada" da tutela, uma vez que Martins tinha o "apoio da esmagadora maioria" dos diretores e um alinhamento estratégico bem estabelecido". Receiam que os investimentos em curso possam ser comprometidos por uma "mudança súbita" diz a carta, a que o i e o SOL tiveram acesso.
Na carta, o grupo de diretores começa por manifestar "profunda preocupação" com a notícia da não recondução na presidência do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, que além do Santa Maria inclui o Hospital Pulido Valente. "Não contestando a legitimidade da decisão, não podemos deixar de, coletivamente, estranhar que seja interrompido o trabalho duma administração que sempre contou com o apoio da esmagadora maioria das chefias deste centro hospitalar, num alinhamento estratégico bem estabelecido".
Os diretores realçam o "excelente entendimento" que sempre houve entre Carlos Martins e as chefias médicas, "permitindo enfrentar com tranquilidade os diversos problemas que foram surgindo". E vão mais longe: "Na realidade, não descontinamos nenhuma razão substantiva para mudar o rumo que vinha a ser traçado em consonância com as chefias médicas".
"Encaro isto com naturalidade. Foram seis anos desta casa que vai marcar a minha vida para sempre e tenho o maior orgulho de ter servido esta instituição", afirmou esta semana à Lusa Carlos Martins, ex-deputado do PSD e secretário de Estado da Saúde no governo de Durão Barroso, assumindo no governo seguinte a pasta do turismo. Paulo Macedo chamou-o inicialmente para assessor, nomeando-o em 2013 para a liderança do maior hospital do país.
Esta semana o Ministério da Saúde anunciou que está em curso o processo de nomeação de novas administrações para 15 hospitais e centros hospitalares, onde se inclui o Lisboa Norte. Trata-se de administrações cujos mandatos terminaram no final do ano passado. Poderá haver substituições e reconduções, mas o nome de Carlos Martins foi o primeiro a ser dado como afastado. Também o administrador do S. João será substituído, mas António Oliveira e Silva pediu ao governo para sair. O presidente da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Victor Herdeiro, também renunciou ao cargo, tendo já sido substituido por António Taveira Gomes, que até aqui era diretor clínico da instituição.
Por lei as administrações hospitalares podem cumprir até três mandatos, cada um com a duração de três anos. São nomeadas pelo governo mas os currículos passam pela Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (Cresap). O parecer desta entidade não é vinculativo.