Umas dezenas de militares da Guarda Nacional da Venezuela de Cotiza, no norte de Caracas, sublevaram-se contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e detiveram quatro oficiais. Num vídeo publicado no Facebook, os revoltosos justificaram as suas ações por não reconhecerem o segundo mandato do chefe de Estado e apelaram aos venezuelanos para saírem às ruas contra o governo.
“Aqui está a Guarda Nacional. Unida para restabelecer a ordem constitucional. Querem isto [o povo venezuelano], nós também. Já basta!”, diz um sargento da unidade revoltosa enquanto filma. Nas imagens, várias dezenas de soldados armados com fuzis caminham no pátio, olhando para todos os lados.
O vídeo foi divulgado por uma página de Facebook chamada Soldados de Franelas, organização que em agosto do ano passado reivindicou um ataque com drones contra Maduro durante uma parada militar.
Poucos minutos depois de o vídeo circular nas redes sociais, as forças armadas e a polícia venezuelanas enviaram destacamentos para cercar os revoltosos e tomarem o controlo das instalações. Ao mesmo tempo, alguns moradores deslocaram–se para o local com o objetivo de apoiar os rebeldes, envolvendo-se em confrontos com as autoridades venezuelanas. Foram erigidas algumas barricadas e queimados pneus, com a polícia a usar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
As autoridades reconquistaram as instalações e detiveram os revoltosos. “As forças armadas rejeitam categoricamente este tipo de ação, que certamente é motivada pelos interesses sombrios da extrema-direita”, reagiu o governo em comunicado lido na televisão estatal. O executivo explicou que os militares assaltaram instalações da Guarda Nacional em Petare, roubando várias armas e sequestrando quatro oficiais. Depois dirigiram-se para a unidade em Cotiza, onde esperaram pela ajuda de apoiantes e pela chegada dos militares leais ao regime.
“Os nossos militares sabem que a cadeia de comando está partida com a usurpação do gabinete presidencial”, reagiu o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó. “A Assembleia Nacional está comprometida em fornecer todas as garantias necessárias aos membros da FAN [Forças Armadas Nacionais] que contribuem ativamente para a restauração da Constituição.”
Recorde-se que no discurso de tomada de posse como líder do órgão legislativo, Guaidó apelou aos militares para que “restaurassem a democracia” no país, no que foi entendido como um apelo a um golpe de Estado.