Tratamento pioneiro que queima tumores com microondas traz esperança a doentes com cancro do pulmão

A técnica era utilizada anteriormente, mas era necessário fazer uma incisão no peito do paciente, o que agora já não acontece

Eram doentes oncológicos “sem esperança” e considerados pelos médicos como “demasiado debilitados” para serem submetidos a uma cirurgia convencional ou radioterapia. Agora, estes nove doentes britânicos com cancro no pulmão, foram os primeiros a ser submetidos a um tratamento que queima os tumores sem deixar cicatrizes.

Os doentes foram operados no Hospital de São Bartolomeu, em Londres, e a nova técnica, em que não é feita qualquer incisão ou punção nos pulmões, demorou apenas 10 minutos.

Atualmente com 76 anos, Carlito Macabagdal foi um dos primeiros pacientes a ser submetido a esta nova técnica. No ano de 2016, Carlito teve um terço do seu pulmão direito extraído e, dois anos depois, também viu o seu outro pulmão ser afetado com o aparecimento de novos tumores.

Os médicos impediram o britânico de fazer quimioterapia, radioterapia ou cirurgia, uma vez que sofria de diabetes, tensão alta e artrite. Em 2018, os médicos propuseram-lhe o novo procedimento e Carlito não pensou duas vezes.

“Eu fui submetido ao tratamento de manhã e no mesmo dia tive alta. Não havia uma dor real, apenas uma ligeira sensação de desconforto”, começou por dizer, citado pelo Daily Mail.

"A minha recuperação tem sido lenta, devido às minhas outras doenças, mas agora estou a começar a sentir-me mais energético e tenho conseguido voltar a cozinhar, o que adoro", acrescentou.

Um ano depois os novos pacientes a serem submetidos ao tratamento estão vivos e a experiência faz os médicos acreditarem que esta pode ser uma solução para os doentes.

"É fantástico ver pacientes que estavam tão debilitados antes da cirurgia e agora estão tão bem…Não sentem qualquer dor depois do procedimento e, normalmente, estão suficientemente bem no dia seguinte para irem para casa", referiu Kelvin Lau, cirurgião cardiotorácico e consultor nesta experiência, citado pelo mesmo jornal.

“Esta técnica pode realmente beneficiar os doentes que sofrem de cancro do pulmão ainda no estágio 1 ou ainda numa fase muito precoce, que são considerados muito fracos para fazer uma cirurgia convencional”, acrescentou.

Esta técnica acabar por eliminar alguns daqueles que são os principais riscos das cirurgias convencionais no tratamento do cancro do pulmão: colapso do órgão, hemorragias graves e dores intensas originadas pelo corte de tecidos.

Segundo o Daily Mail, os doentes começam por realizar um TAC e é-lhes dada uma anestesia geral. Posteriormente, os médicos inserem pela boca do paciente um broncoscópio até aos pulmões. Assim que o tumor é localizado, os médicos passam um fio que pode aquecer até aos 100 graus e usam o mesmo tipo de energia dos microondas domésticos de forma a matar as células malignas.

A técnica era utilizada anteriormente, mas era necessário fazer uma incisão no peito do paciente.

Contudo, nem todos os doentes podem ser submetidos a este tratamento. Segundo Kelvin Lau, os doentes que tiveres tumores junto de grandes vasos sanguíneos estão impedidos de o realizar, uma vez que o calor pode provocar hemorragias.