O hacker responsável por roubar alegados e-mails ao Benfica, Rui Pinto, concedeu uma entrevista à revista alemã Der Spiegel, onde admitiu que não se identifica como um hacker. Além disso, aproveitou ainda para deixar várias críticas ao sistema judicial português, que considera ter "muitos interesses escondidos".
"O sistema judicial português não é inteiramente independente; existem muitos interesses escondidos. Claro que há procuradores e juízes que levam o seu trabalho a sério. Mas a máfia do futebol está em todo o lado", disse Rui Pinto à Der Spiegel, citado pelo jornal Expresso que divulgou esta sexta-feira parte desta conversa.
Rui Pinto admitiu ainda que teme que o seu julgamento não seja justo e mostrou-se nervoso com possíveis ataques por parte de adeptos do Benfica, uma vez que desde outubro do outono passado tem recebido várias ameaças de morte no Facebook. "Tenho medo de que, se meter os pés numa prisão portuguesa, especialmente em Lisboa, não vou sair de lá vivo".
Recorde-se que o suspeito de divulgar vários documentos sobre o mundo do futebol se encontra em prisão domiciliária em Budapeste, na Hungria, onde foi detido no passado dia 16 de janeiro.
O português afirma ainda que a sua única intenção ao divulgar estes documentos era a de "revelar práticas ilícitas que afetam o mundo do futebol", tendo-se tratado este de um "movimento espontâneo" no qual não está sozinho, garantiu à publicação alemã.
Além disso, Rui Pinto disse também que não existe qualquer declaração por parte das autoridades que o relacione aos emails incriminatórios do Benfica que terá fornecido ao FC Porto.
O português detido em Budapeste falou também sobre a investigação da revista Sábado, tendo admitido que esta “mudou a sua vida”: “A minha fotografia estava nas primeiras páginas dos jornais por todo o país. A minha conta de Facebook e o meu email foram inundados com ameaças de morte", afirmou à Der Spiegel, citado pelo jornal Expresso.
Sobre a forma como se tem sustentado, Rui Pinto afirma que “nunca” ganhou dinheiro com a divulgação destes documentos, assegurando que recebeu várias propostas para revelar determinados dados, mas que nunca chegou a aceitá-las. "Recusei todas as ofertas, porque nunca agi com o propósito de ganhar dinheiro, mas sim com base no interesse público”, disse.