Trump quer manter militares dos EUA no Iraque para vigiar o Irão de perto

O presidente do Iraque diz que não foi pedida autorização para a vigilância do país vizinho

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não tem planos para retirar as tropas do Iraque, afirmando que um dos objetivos da presença das forças americanas é “manter o Irão debaixo de olho”. As declarações foram feitas numa entrevista à CBS, este domingo, em que Trump aproveitou para salientar a sua opinião de que “o Irão é um verdadeiro problema”.

O presidente iraquiano, Barham Salih, respondeu esta segunda-feira, garantindo que Trump não pediu autorização ao governo iraquiano para que as tropas norte-americanas no país mantenham sob vigilância o Irão. 

“Não sobrecarreguem o Iraque com os vossos próprios problemas”, exigiu Salih. “Os EUA podem ser uma grande potência, mas não sigam as vossas próprias prioridades, nós vivemos aqui”, acrescentou o chefe de Estado iraquiano.

Salih salientou que os problemas levantados pelas declarações e pela abordagem unilateral da administração Trump podem provocar perturbações no Iraque, onde a maioria da população é xiita, como no Irão. “É fundamental para os interesses do Iraque ter boas relações com o Irão”, afirmou o presidente iraquiano.

As declarações de Trump fragilizaram ainda mais as tensas relações com o Estado iraquiano, que já tinha expresso o seu desagrado com a visita surpresa do chefe de Estado norte-americano às suas tropas no Iraque, a 26 de dezembro, sem qualquer aviso a Bagdade.

Pouco depois da visita, várias forças políticas e deputados iraquianos exigiram a retirada das tropas norte-americanas do país, havendo até ameaças de utilização da força para o efeito.

O deputado Faleh al-Khazali afirmou que “Trump deveria saber que o Iraque não é um estado americano”. Vários deputados responsabilizaram o primeiro-ministro iraquiano, Adil Abdul-Mahdi, por permitir que a quebra do protocolo diplomático fique impune, apesar do desrespeito à soberania do Iraque