1.Foi um discurso brilhante, no conteúdo e na forma. Na palavra escrita e na execução perante o Congresso – e os milhões de cidadãos americanos que seguiram com interesse e entusiasmo o discurso do Estado da Nação na noite de ontem (madrugada de hoje em Portugal).
Aliás, foi curioso notar que, nas redes sociais, nas horas que antecederam o discurso, muitos comparavam o discurso à final do “Super Bowl” pelo interesse e expectativa gerados: o que, por si só, já é um feito. Isto porque historicamente os discursos dos Presidente dos EUA perante o Congresso vão perdendo a sua capacidade mobilizadora dos norte-americanos à medida que se avança no mandato: as alocuções antes das eleições primárias registam elevados índices de audiência; os demais passam despercebidos, sendo considerado uma mera prática político-constitucional da democracia norte-americana, mais simbólica do que efectiva.
2.Daí que raramente tais discursos se eternizem nos livros da Histórica: nas últimas décadas, os discursos do “State of the Union” da segunda metade do mandato têm- se pautado mais pelo carácter conjuntural do que estrutural, perdendo-se o seu interesse na espuma dos dias. Pois bem, o discurso de ontem foi diverso: o Presidente Donald Trump proferiu um discurso – o terceiro, se incluirmos a declaração à sessão conjunta do Congresso de 2017 – que será recordado nos anos vindouros, quer pela forma como foi proferida, quer pelo seu significado político.
O Presidente Trump não se focou apenas na estrutura, no longo prazo –mas também não se perdeu na conjuntura: pelo contrário, o Presidente Donald Trump assinalou, sem tergiversações, que pretende construir a perenidade a partir da actualidade (ou, se preferirmos, agir na actualidade para não perder a hipótese de afirmar a supremacia do sonho americano na perenidade).
Porque, no fundo, falar de perenidade do legado do Presidente Trump é falar na durabilidade e resgate do sonho americano: Donald Trump (é pena que os média e os adversários políticos não o percebam; a discussão política seria bem mais séria e bem mais frutuosa para os democratas e para a República constitucional norte-americana) entende, acredita e é um personificador do “Americanismo”.
Isto é, o Presidente Trump é o Presidente – diríamos que, pelo menos, desde Ronald Reagan – mais em sintonia com a história, os valores e o significado da excepcionalidade (que não necessariamente do excepcionalismo) americana. Excepcionalidade e excepcionalismo não são irrefragavelmente a mesma realidade: excepcionalismo corresponde a uma doutrina política e pensamento estratégico que consiste na pretensão de exportar os valores que fazem dos EUA uma nação grandiosa para diferentes povos, mesmo que estes não o queiram; excepcionalidade, significa antes a crença no sistema de valores que fazem a América o sítio mais cobiçado do mundo, que ainda hoje suscita sonhos e aspirações pessoais e profissionais vários e por diversas latitudes e longitudes, partilhados mesmo por aqueles que tanto criticam os EUA – que deverá ser defendido no plano internacional, mas não necessariamente imposto a outros povos.
A excepcionalidade america traduz-se, pois, na defesa dos valores da liberdade, da iniciativa privada, da democracia e do individualismo solidário; na defesa intransigente destes valores dentro do território americano; na defesa deste sistema de valores nos fóruns de princípio multinacionais, como a ONU; na promoção deste sistema de valores nas relações bilaterais dos EUA com os seus aliados; na tomada de posição firme contra Estados hostis aos EUA que fazem perigar a segurança internacional e, logo, a própria segurança do território norte-americano; no apoio – de geometria variável de acordo com os casos, as situações e os protagonistas – a povos que queiram partilhar o referido sistema de valores (repare-se que foi a aplicação/defesa da excepcionalidade americana que esteve subjacente à certeira decisão do Presidente Donald Trump de apoiar Guaidó como Presidente da Venezuela: o primeiro a fazê-lo, levando os seus congéneres europeus a seguir o seu exemplo – mais uma vez, os líderes europeus precisaram da lucidez e da coragem decisória de Trump para perceber o óbvio…).
4.Dito isto, reiteramos o que escrevemos no nosso livro sobre a vitória do Presidente dos EUA, “Dia D – Dia de The Donald”: Donald Trump é uma pessoa inteligentíssima, que combina exemplarmente uma inteligência prática com uma inteligência empática. Donald Trump consegue mesmo na situação mais sombria, em que todos já julgam a derrota ou o descalabro iminente, uma solução que se revelará brilhante e ganhadora – a que acrescenta a lucidez para dilucidar quais são as inquietações, os intentos, os medos e os sonhos das pessoas.
Todavia, não se despreze a capacidade intelectual de Trump: muitos apontaram a sua instabilidade para antecipar o pior cenário para os EUA sob a sua presidência. Ora, se há político que tem apresentado posições teóricas coerentes entre si e consistentes com a sua prática política, esse político é o Presidente Trump; evoque-se que Donald Trump escreveu, há cerca de trinta anos, um artigo no “The New York Times” a reclamar uma política externa com mais “backbone” e a alertar para os perigos do peso da dívida pública norte-americana – ideias que retomou, em 2012, no livro “Time to Get Tough”, depois de já as ter advogado em livro anterior “The American We Deserve”, publicado em 2000; ideias que desenvolveu no livro “Crippled America”, publicado em 2015, reeditado em 2016 com o título “Great Again” – e, desde 2016, está implementando tais ideias, desenvolvidas nos últimos trinta anos, na “White House”.
5.Mais: Donald Trump acrescenta à inteligência, dois trunfos que tendem a ser desprezados pelos políticos – o senso comum e a coragem.
Coragem, essa, que tem uma faceta com a qual os democratas lidam terrivelmente: a capacidade de intuir aquilo que os adversários estão à espera – e fazer exactamente o contrário. Ou seja, o Presidente Trump é muito rápido a pensar, a agir e a surpreender.
Pois bem, os democratas contavam com um discurso do “State of the Union” centrado no ataque a Nancy Pelosi pela sua intransigência na viabilização dos recursos financeiros necessários para a construção do muro na fronteira do sul dos EUA – todavia, o Presidente Trump apostou num tom de concórdia, de colocar os interesses partidários de parte e prosseguir o interesse colectivo da Nação americana.
Nenhum partido ganha quando o povo americano perde – eis a frase mais sonante do discurso de ontem.
6.De forma sintética, podemos afiançar que o discurso do “State of the Union” encerra o “fantastic four” da agenda política de Donald Trump para continuar a fazer a América “Great Again”:
1)Americanismo: orgulho na história, confiança no presente e esperança inabalável no futuro dos EUA. O Presidente Trump não quer que a América se converta numa potência imperial; mas não abdica de um protagonismo, no plano internacional, à medida da grandeza americana. Se outros países – com declaradas pretensões imperialistas – continuam actuando com a cumplicidade da comunidade internacional, os EUA, sob a liderança do Presidente Trump, não ficarão impávidos e serenos às novas rotas que ameaçam a segurança americana (e mundial) e a civilização ocidental.
O Presidente dos EUA, como o líder de qualquer país, deve estimular os agentes económicos a “buy american and hire american” e criar medidas para fixar os centros de produção industrial em solo norte-americano – é um corolário do nacionalismo económico advogado por Steve Bannon, que não é exclusivo, mas sim inclusivo: apenas se define pelo vínculo de cidadania e não pela pertença a um qualquer grupo ou a uma ideia mítica de nação.
Ora, a defesa dos valores que integram o código genético dos EUA inspirou o Presidente Trump para a sua proclamação histórica: a América jamais será um país socialista (perante a indefinição dos democratas, que não sabiam se haviam de aplaudir ou ficar sentados – isto é, se deveriam manifestar o seu compromisso de fidelidade com a América ou o seu compromisso com as tiradas eleitorais de Novembro passado em que defenderam, pelo menos alguns, o cenário de os EUA se transformarem na nova Venezuela…);
2) Segurança: o Presidente Trump não abdicará de reforçar a segurança na fronteira sul dos EUA, garantindo, assim, a protecção dos cidadãos americanos, sobretudo dos mais vulneráveis. O plano ideal será um acordo bipartidário, atendendo à essencialidade da matéria para o bem-estar colectivo da nação americana: não o sendo possível, parece-nos que a mensagem subliminar do discurso de ontem é que o Presidente Donald Trump invocará o estado de emergência nacional para concretizar a sua promessa eleitoral – e que é tão importante, porque com a segurança (atenção, “cabritas jamaicanos” desta vida) não se brinca.
Tal como referiu Trump, se Nancy Pelosi e outras celebridades (políticas e não políticas) acham importante tão importante construir muros e vedações em torno das suas casas, então também devem garantir a segurança do povo americano face aqueles que desafiam as leis internas democraticamente aprovadas;
3) Igualdade: Trump é o Presidente que mais tem feito pela “igualdade na liberdade” das últimas décadas. Desenvolveremos esta ideia em prosa autónoma: para já, mencione-se que a política de condenação da imigração ilegal não é contra os imigrantes enquanto pessoas dotadas de direitos à luz do Direito Internacional – é, antes, em defesa dos imigrantes legais e dos cidadãos americanos.
É a defesa do direito à igualdade de oportunidades daqueles que cumprem a lei: a imigração ilegal descontrolada retira postos de trabalho aos americanos de grupos mais vulneráveis, como os afro-americanos, e torna-os mais pobres (porque os salários sofrem uma pressão no sentido descendente). Acresce, ainda, que o Presidente Trump obteve uma vitória que todos julgavam impossível, até porque Obama tentara e não conseguira: a reforma do sistema prisional, juntando ao elemento retributivo (dominante nos EUA – retributivo, significa que a pena é encarada como um castigo) o elemento de socialização (preparar o condenado para uma segunda oportunidade na vida, em virtude de méritos próprios por si revelados no processo de ressocialização).
Ora, esta medida visa, essencialmente, corrigir desigualdades gritantes perpetrados pela justiça criminal que punem a população afro-americana: estes são os maiores beneficiários (e justamente) da medida pela qual o Presidente Trump tanto lutou.
Isto já para não mencionar o reforço da legislação contra o tráfico de seres humanos (que visa sobretudo proteger as mulheres dessa ameaça sinistra que é o tráfico para exploração sexual) e a aprovação da legislação que prevê a licença parental de seis semanas por nascimento de criança ou constituição de vínculo adoptivo (reivindicação das associações de defesa dos direitos das mulheres e das famílias, desde há muito – Obama tentara e não conseguira). O Presidente Trump congratulou-se com o facto de o desemprego entre a população feminina ser o mais baixo desde há muito; o salário médio da população feminina é o mais elevado desde há décadas; e o número de mulheres a desempenhar cargos de topo em empresas e instituições públicas nunca fora tão elevado. Mérito, neste ponto, para o trabalho dedicado e sempre competente e inspirador de Ivanka Trump;
4) Diversidade: a democracia americana está mais forte do que nunca, com a mobilização do povo americano para a defesa de causas públicas. O Presidente Trump assinalou, ontem, como é tão importante que, não obstante as divergências ideológicas e partidárias, o Congresso dos EUA tenha hoje uma representação recorde da população feminina – e, pela primeira vez, tenha uma representante islâmica.
É a confirmação daquilo que o Presidente vem afirmando desde a sua tomada de posse: não interessa a religião, o género, a orientação sexual ou a origem – as suas políticas visam favorecer todos os cidadãos americanos.
Dois momentos históricos do discurso de ontem, em matéria de diversidade: primeiro, a união – que colocam em causa a ideia de uma América irremediavelmente dividida – expressa no grito, em uníssono e genuíno, “ exaltador dos EUA – “USA! USA! USA!” – que juntou, a uma só voz, o Presidente Trump, Occasio-Cortez, Kamala Harris, Bernie Sanders, Nancy Pelosi, Chuck Schumer e Ilhan Omar e todos os demais membros do Congresso.
Segundo: o momento que deve ser visto, revisto e revisto de novo, de homenagem às vítimas do Holocausto, com a presença, lado a lado, de um sobrevivente da barbárie Nazi (que só não foi para o campo de concentração de Dachau, porque os soldados americanos pararam e libertaram o comboio que para aí se dirigia) e do soldado que interveio na liberação desse comboio.
O Presidente Trump não se limitou a falar do passado: antes, chamou a atenção para o problema que temos nas sociedades actuais que é o recrudescimento do antissemitismo.
É que, ao contrário de outros tipos de discriminação, a discriminação, o discurso de ódio contra a comunidade judaica continua a ser tolerada – nunca é demais ouvir, fixar e difundir a história e o exemplo de Judah Samet, judeu que sobreviveu ao Holocausto e – ironia trágica da vida – ao atentado à sinagoga “Tree of Life” em Pittsburgh, Pensilvânia, no ano transacto (e que, ontem, completou oitenta e um anos de vida, com direito a cântigo comemorativo em pleno Congresso, durante o “State of the Union”).
Nós não esquecemos – e é pela defesa da memória e da justiça histórica que o Presidente Trump fez questão de enaltecer a decisão irreversível (prometida por tantos Presidentes e nunca concretizada) de mudar a Embaixada dos EUA para Jerusalém, a CAPITAL de Israel!
Em síntese: um discurso notável – o melhor do Presidente Trump e certamente um dos melhores das últimas longas décadas – que merece ser devidamente compilado em livro brevemente. Mais um passo, seguro e firme, rumo a Keep America Great em 2020…E os cidadãos americanos partilham da nossa opinião: até a CBS – crítica acérrima de Trump – divulgou uma sondagem segundo a qual mais de 70% dos que acompanharam o discurso avaliaram-no como “Muito Bom”!