O discurso do Estado da União do presidente dos EUA, Donald Trump, foi marcado pela preocupação com as investigações de que é alvo, acerca da alegados subornos e influência russa na sua campanha eleitoral.
Trump diz que “se é para haver paz e legislações”, não podem decorrer investigações, que qualificou de “ridículas” e “parciais”. Exigiu “unidade em casa para enfrentar os inimigos lá fora” – um pedido ousado, considerando que está a ser investigado por alegada influência estrangeira.
O presidente aproveitou para salientar a sua determinação de construir um muro na fronteira com o México, uma proposta que tem causado uma polarização crescente entre os dois maiores partidos políticos dos EUA. O impasse até levou à paralisação parcial do governo federal norte-americano, tal como ao adiamento do próprio discurso do Estado da União.
Contrariamente ao temido, Trump não aproveitou o discurso para declarar estado de emergência, o que lhe daria poderes para conseguir os 5,7 mil milhões que quer para o muro. Vários membros do seu próprio partido opõem-se a essa solução, temendo a rutura da separação do poder executivo do legislativo.
Trump tentou conseguir unidade no Partido Republicano durante este discurso do Estado da União, com referências às preocupações dos conservadores quanto ao aborto e à alegada ameaça “socialista”.
Os democratas responderam pela voz de Stacey Abrams, de 45 anos, líder democrata da Geórgia e primeira mulher negra a dar a resposta ao Estado da Nação. Garantiu que a paralisação do governo “foi orquestrada pelo presidente” e criticou a administração por “enjaular crianças e separar famílias”. Defendeu ainda o fim da supressão intencional de votos, garantindo que nenhuma das ambições do seu partido é possível “sem a garantia fundadora do voto”. A receção ao discurso foi entusiástica, tendo antigos assessores de Barack Obama e várias figuras de proa dos democratas sugerido Abrams como candidata nas próximas presidenciais.