O partido Aliança arranca hoje os trabalhos do seu congresso fundador, em Évora, um teste para o seu presidente apresentar o programa para o país e provar que a nova força política não é de um homem só: Pedro Santana Lopes. «Vão ser mais de mil delegados e observadores a participar nesta primeira reunião magna do partido. Temos apostado e vamos continuar a apostar em caras novas.(…) É uma enorme alegria contar com todos e vai ficar bem claro para o país que este é um partido que fala no plural», diz ao SOL Pedro Santana Lopes, antigo líder do PSD e atual presidente da comissão instaladora da Aliança.
O objetivo é apresentar o partido e Santana Lopes escolheu o crescimento económico como «o grande desígnio nacional».
Na moção que leva a congresso, «um país às direitas», fica claro que o novo presidente do partido quer ir a votos em todas as eleições: Europeias, Regionais da Madeira, Legislativas, mas também Autárquicas de 2021. As metas de 2019 estão estabelecidas: nas eleições europeias de 26 de maio, Santana Lopes já admitiu que gostaria de conseguir eleger dois a três eurodeputados, uma ideia defendida numa entrevista à Antena 1.
O sonho é compartilhado pelo rosto mais mediático do conselho político estratégico, o embaixador António Martins da Cruz.
O ex-militante do PSD considera que as Europeias serão um «teste importante», mas não é «teste eleitoral definitivo». Contudo, poderá ser «uma sondagem em dimensão real para as legislativas», acredita o embaixador, que já foi ministro dos Negócios Estrangeiros. O responsável partilha a ambição de Santana nos resultados das Europeias: «Porque é que o Dr. Paulo Sande há de ir sozinho para Bruxelas? Não há nada que impeça as pessoas de ter esperança».
Para Martins da Cruz, o partido Aliança «assume-se como um partido de Direita» num quadro político onde «vai haver uma fragmentação político-partidária». No plano da política externa, o novo partido assume-se como «profundamente europeu», sem ser federalista, conforme defendeu ao SOL Martins da Cruz. «Defendemos melhor Europa, defendemos sobretudo uma Europa que não é federalista, uma Europa que respeita a soberania dos países. Achamos que deve ser completada a união económica e monetária», explicou ao SOL, Martins da Cruz, acrescentando que «Portugal não tem alternativas nem à União Europeia, nem à NATO».
As prioridades numa moção
O congresso servirá para eleger os novos órgãos do partido, mas também para avaliar e votar a moção do seu primeiro subscritor, Pedro Santana Lopes. Na lista de prioridades, além do crescimento económico e da competitividade, está também a redução da carga fiscal, ou a saúde, onde se defende a «generalização dos seguros de saúde que fomente a igualdade de acesso dos cidadãos aos prestadores convencionados». Isto apesar de se fazer a defesa do Serviço Nacional de Saúde. No topo das prioridades está também o combate à corrupção e a reforma do sistema político, com a proposta de círculos uninominais e a redução do número de deputados até ao mínimo de 180 parlamentares, conforme o previsto na Constituição da República.
A proposta de coligações pós-eleitorais à direita nas Legislativas é assumida na moção contra um alvo claro: a frente de esquerda, com o PS à cabeça. No documento não são definidos os parceiros preferenciais, mas dificilmente qualquer solução andará longe do PSD ou do CDS-PP.
Conversa ao telefone
O congresso já conheceu o seu primeiro caso, com uma queixa de um militante da Madeira – Celso Pereira Nunes -, que pretendia ver debatida a sua própria moção de estratégia, «Desenvolver Portugal», mas foi-lhe dito que não iria ser possível. Afinal, pode e Pedro Santana Lopes ligou ao militante para que a apresentasse. E ficou a certeza de que o líder da comissão instaladora do partido vai ouvir todos os militantes, nem que se prolongue os trabalhos pela madrugada de domingo.
Os congressistas da Aliança terão de eleger a direção política nacional, a mesa do senado nacional e senado nacional (próximo de um conselho nacional), a comissão de jurisdição e o gabinete de auditoria.