Há, pelo menos, um mês que Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, está a estudar a pasta das obras públicas, sabe o SOL. O governante que assegurou as negociações da ‘geringonça’ no Parlamento estará mesmo de saída do Palácio de S. Bento para assumir o cargo de ministro das Infraestruturas.
Fora da nova tutela de Pedro Nuno Santos vai estar a gestão dos fundos comunitários – que passarão para o Ministério da Economia, mantendo-se nas mãos do atual secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza. O governante tem participado nas negociações do próximo quadro comunitário de apoio europeu e já trabalhou com António Costa na Câmara de Lisboa, como diretor municipal de finanças.
Ainda assim, o futuro ministro Pedro Nuno Santos não terá mãos a medir com pouco mais de seis meses (antes do fim da legislatura) para fechar dossiês quentes como o novo aeroporto no Montijo, o investimento na ferrovia – que inclui a emblemática linha que fará a ligação entre Évora e Mérida, já projetada pelo Governo de José Sócrates – e o alargamento do Porto de Lisboa no Barreiro, com um novo terminal de contentores. Com todos estes dossiês por fechar, Pedro Nuno Santos fez chegar a si toda a documentação que tem vindo a analisar desde há pouco mais de um mês.
Solução para os Assuntos Parlamentares
O quebra-cabeças de António Costa será, agora, encontrar o substituto de Pedro Nuno Santos para o Parlamento, com o perfil e a experiência política para negociar com os partidos da ‘geringonça’ – tarefa desempenhada até aqui com reconhecido mérito por Pedro Nuno Santos.
O SOL apurou que a decisão do primeiro-ministro ainda não está fechada, mas uma das soluções mais faladas nos corredores de S. Bento é protagonizada por Mariana Vieira da Silva. Se se confirmar esta escolha, a adjunta do primeiro-ministro que tem em mãos a comunicação e a coordenação do Governo passará a acumular as duas secretarias de Estado: a de Adjunta e a dos Assuntos Parlamentares.
Outro dos nomes em cima da mesa para assumir os Assuntos Parlamentares é o de Maria Manuel Leitão Marques, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa. Caso seja esta a solução preferida por António Costa, também Maria Manuel Leitão Marques passará a acumular duas pastas. Tal como, aliás, aconteceu durante os Governos de Passos Coelho, com Marques Guedes a assumir estas duas pastas depois da saída prematura de Miguel Relvas.
Em traços gerais, esta é uma ‘remodelação governamental cirúrgica’, com soluções internas, que Costa está a preparar e que não será anunciada oficialmente antes do dia 16 de fevereiro, data da Convenção Europeia do PS, em Vila Nova de Gaia, onde será apresentado o cabeça de lista, Pedro Marques, que irá a votos a 26 de maio.
Pedro Marques decidido antes do verão
O SOL sabe que há largos meses que o primeiro-ministro já tinha decidido que o cabeça de lista para as europeias seria Pedro Marques. Em maio, António Costa já tinha conversado com o ainda ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, sobre esta possibilidade. Desde então que a promoção de Pedro Nuno Santos a ministro da pasta tem vindo a ser conversada, havendo apenas a dúvida sobre se o ex-líder da JS iria assumir, ou não, a gestão dos fundos comunitários. Cenário que, agora, já estará mais definido.
A pouco mais de seis meses das eleições, esta será a sexta remodelação do Governo, que tomou posse com 16 ministros e 40 secretários de Estado.
Até agora, todas as alterações foram a reboque de polémicas no interior do Executivo. Foi o caso dos incêndios de 2017, com a saída de Constança Urbano de Sousa do Ministério da Administração Interna, ou do caso de Tancos, que levou à saída de Azeredo Lopes do Ministério da Defesa e abriu a porta a outras mexidas no Governo.
A maior remodelação decorreu há três meses, a 15 de outubro de 2018, com a saída de quatro ministros – da Cultura, da Saúde, da Defesa e da Economia – e a entrada de dez novos secretários de Estado.
A remodelação governamental que agora se anuncia ainda chegou por estes dias a agitar as hostes socialistas, não faltando quem vaticinasse maiores mexidas.
Mas a verdade é que Costa afastou desde cedo a possibilidade de uma remodelação mais alargada, lembrando-se nos corredores socialistas que, depois de ter feito as alterações que fez no Executivo há tão pouco tempo, o líder do PS iria apenas fazer um acerto cirúrgico.