O governo decidiu não reconduzir a médica Maria do Céu Machado na liderança do Infarmed. O SOL sabe que a decisão foi tomada no último conselho de ministros, quando o nome da pediatra já tinha sido validado pela CRESAP, tendo recebido oposição do primeiro-ministro.
Maria do Céu Machado criticou publicamente a intenção do governo de mudar o Infarmed para o Porto, revelando mesmo ter sido surpreendida pela intenção anunciada quando o país perdeu a corrida para acolher a sede da Agência Europeia do Medicamento. "Tenho um telefonema do senhor ministro às 8 da manhã do dia 21 de Novembro, dizendo ‘ontem tive uma reunião com o senhor primeiro-ministro e decidimos que o Infarmed ia para o Porto. Posso contar consigo?", relatou Maria do Céu Machado numa entrevista ao "Público" a 27 de novembro. "Tinha ouvido dizer que o ministro tinha dito num almoço no Porto 'e se o Infarmed fosse para o Porto?', que tomei como uma brincadeira."
O processo de mudança para o Porto viria a mobilizar os trabalhadores do Infarmed e a motivar estudos de impacto. Em julho, no parlamento, Maria do Céu Machado considerou que o cenário de mudança para o Porto podia ser uma "ameaça à saúde pública", dizendo não ver benefícios na decisão. Na altura, sondagens internas indicavam que mais de 90% dos trabalhadores da autoridade do medicamento não estavam disponíveis para a mudança, o que a médica disse não ser uma questão de birra mas de custos pessoais, familiares e financeiros. A deslocalização viria a ser suspensa em setembro.
Maria do Céu Machado assumiu a liderança do Infarmed em maio de 2017, após a saída do médico Henrique Luz Rodrigues, que completou 70 anos – então a idade limite para exercer funções públicas. A pediatra também completa 70 anos este ano, mas entretanto as regras mudaram com um decreto-lei publicado este ano e que permite aos funcionários públicos com mais de 70 anos manterem-se no ativo até ao limite máximo de cinco anos.
Contactada pelo SOL, Maria do Céu Machado não se mostrou disponível para falar sobre a atual situação.