"Sem Filtro – As histórias dos bastidores da minha presidência" é o nome do livro do antigo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, que trata na primeira pessoa tudo o que aconteceu nos cincos anos e meio em que esteve à frente do clube de Alvalade.
"Renovo ou vou-me embora", é o nome do primeiro capitulo deste livro e uma suposta frase de Jorge Jesus, treinador do Sporting entre a época 2015/016 e 2017/2018, nos bastidores do jogo Sporting de Braga contra os leões. Segundo Bruno de Carvalho, este terá pedido um aumento de salário, afirmando que só jogaria a referida partida se lhe fosse garantido que renovava, caso contrário o FC Porto era o próximo destino.
Bruno acabou por aceitar as condições uma vez que, explicou, os sócios não perdoariam se algo interferisse na partida e não havia forma de contactar o FC Porto para confirma porque a relação com Pinto da Costa ainda não existia. Para Bruno, a chantagem foi "um sinal daquilo que o Jorge verdadeiramente era", escreve.
Neste capítulo, o ex-presidente conta ainda como nasceu o interesse pelo antigo treinador e todos os passos que foram dados, entre jantares e negócios, até à contratação de Jorge Jesus, num texto onde o "limpinho limpinho" não ficou esquecido.
Ainda dentro dos assuntos 'treinadores', Marco Silva foi um dos temas. "Que meninos" é o capítulo onde Bruno confessa que a continuidade deste já não estava em cima da mesa "há muito tempo", querendo inclusive o presidente despedi-lo "na pré-temporada". "Passou todos os limites. Algumas situações eram surreais", escreve sobre a força que o caso Doyen tinha nas decisões de Marco Silva.
"Inacreditável. Que meninos. Só sabem dar empurrões em vez de fazer alguma coisa a sério", terá dito o treinador a Bruno de Carvalho enquanto via os jogadores do Sporting aos empurrões depois de uma vitória por 3-1 frente ao Boavista. É a partir daqui que o ex-presidente conta como nasceu a história com Marco Silva, a falta de jogadores da formação na convocatória para o estágio de pré-temporada e a Doyen são assuntos fulcrais.
O terceiro capitulo começa com um episódio de Jefferson durante a apresentação aos jornalistas. "E, de repente, solta-se um gás", conta. No entanto, afirma que este foi um episódio divertido que contrasta com a gravidade do que aconteceu na época que se seguia. Marco Silva volta a aparecer como uma das personagens principais desta história assim como o empresário Carlos Gonçalves.
Além da história com Jefferson, Bruno conta a boa relação que Marco Silva tinha com comentadores e jornalistas, algo que alegadamente não acontecia com os jogadores. "Muito mais do que um fato" e "Marco, o treinador", é o nome de outros subcapítulos que contam parte da (longa) história entre o, na altura, presidente e o treinador.
As primeiras eleições dão o pontapé de saída para o quarto capítulo: "Com um pé no jacuzzi". A derrota perante Godinho Lopes é explicada ao pormenor e a crise pelo qual passava o Sporting é passada a pente fino. No entanto, Bruno de Carvalho vence na segunda vez em que vai a eleições e é a partir do capítulo "Três almoços para despedir Jesualdo" que conta o início da história no Sporting que se encontrava "numa situação caótica", contou. O treinador era Jesualdo Ferreira, alguém com quem o ex-presidente também tem muito que contar.
A este treinador segue-se Leonardo Jardim e, com ele, a informação de que Rui Patrício queria sair do clube. Jorge Mendes e a dualidade de propostas confundem Bruno, mas a renovação do atual guarda-redes da seleção até 2022 acaba mesmo por acontecer. Esta situação fez com que a relação entre estes dois nunca mais ficasse igual. Ao longo do capítulo são várias as histórias sobre jogadores e o empresário.
João Mário inicia o quinto capítulo, quando parte rumo ao Inter de Milão como o português mais caro de sempre a sair para o estrangeiro. Em "Comitiva dos jogos olimpicos", este fala sobre jogadores como Slimani, Teo Gutiérrez e Maurício, não deixando escapar o assunto "Belfodil".
A reestruturação financeira e as negociações com alguns bancos são o principal assunto do sexto capítulo: "Mas eu fui só fazer xixi". Os 700 funcionários e 5 mil telemóveis associados, assim como o contrato com uma empresa de leasing e o número de cafés que se bebia no clube e a construção do Pavilhão João Rocha são alguns do temas.
José Maria Ricciardi e o pedido de desculpas de joelhos são o tema do sétimo capítulo "Ricciardi de joelhos", que começa com o caso com a Galp, relacionado aquele que é o palco das modalidades do clube.
Mas, se Ricciardi entra no título do capítulo, tem direito a um subtema que trata a (não) influência na reestruturação financeira do Sporting face aos bancos e ainda o pedido de desculpas que terá feito ao ex-presidente. O VAR, a necessidade de fazer tudo em prol do futebol e o caso dos vouchers do Benfica são outros dos assuntos relatados nesta sétima parte do livro.
William Carvalho terá dito "Quero que os adeptos se f…", a frase que serve de título para o oitavo capítulo. Depois do embate com o Chaves em 2017 e do presidente ter tentado falar com os jogadores, foi esta a reação de William. O capítulo fala ainda sobre Octávio Machado, confessando que este era alegadamente perturbador para o plantel ao deixar Jorge Jesus fora de si "porque começava a ler-lhe tudo o que vinha na imprensa sobre pessoas que poderiam ter emitido uma opinião menos simpática sobre o nosso treinador", afirma.
Adrien Silva e a culpa que Jorge Jesus tem alegadamente na continuidade do jogador no clube faz parte das histórias contadas pelo presidente. Os 14 segundo de atraso com a FIFA deram que falar e Bruno de Carvalho esclarece tudo e conta como a atitude do treinador mudou e se tornou mais agressiva.
O caso com Carlos Pinho e o cigarro eletrónico, ou cuspo como se especulou, é o primeiro tema falado no capítulo "Saliva Eletrónica". A história com o presidente do Arouca, acabou mal, algo que não aconteceu com Jorge Nuno Pinto da Costa, atual presidente do FC Porto, sobre quem destacou dignidade.
A relação com o Benfica, no entanto, começou bem e acabou mal com dedos apontados à mestria destes com a comunicação social. "Que ninguém tenha dúvidas: o Benfica é avisado pelas redações quando está para sair alguma «bomba» contra o clube", alega Bruno.
O atual presidente do Sporting, Frederico Varandas, entra também neste livro. Aliás, segundo Bruno de Carvalho, é ele o culpado por tudo o que lhe aconteceu desde janeiro de 2018: a gravidez de Joana Ornelas, ex-mulher de Bruno, o casamento, as eleições antecipadas, os posts no facebook e o jogo em Madrid. "O que se dizia nos corredores de Alvalade era que a redação do documento contou com a preciosa ajuda de João Pedro Varandas, irmão de Frederico Varandas, que foi vogal do Conselho Diretivo no mandato de Godinho Lopes, em colaboração com Rogério Alves. Os dois são sócios na RA&A, uma empresa de advocacia", escreve Bruno.
William Carvalho mereceu, mais uma vez, destaque. Numa reunião com os jogadores, este terá confrontado Bruno com um alegado pedido à Juve Leo para bater nos jogadores. O presidente em exercício terá ligado a Mustafá que negou as acusações. Esta e outras situações assim como a postura de Rui Patrício foram condenadas e contadas pelo presidente.
Nos últimos dois capítulos, "Máquina em movimento" e "Valeu a pena?", Bruno de Carvalho conta mais episódios marcantes dos seus últimos dias na presidência, toca em nomes como André Geraldes, a Holdimo, as rescisões e Rogério Alves.
No final, Bruno deixa em aberto uma suposta "segunda parte".