São sete os argumentos apresentados na moção de censura do CDS ao Governo de António Costa. Caso a moção fosse aprovada o país iria mais cedo a eleições legislativas. Cenário que não vai acontecer tendo e em conta que o PS, o BE e o PCP anunciaram que vão ‘chumbar’ a iniciativa dos centristas.
O documento apresentado ontem à tarde com o título Recuperar o Futuro começa por dizer que «o Governo está esgotado, falhou» e só está a pensar nas próximas eleições. «Esta maioria já não tem soluções para oferecer. Já só pensam nas próximas eleições e Portugal não pode ficar à espera», disse Assunção Cristas durante a apresentação da moção de censura ao Governo, na sede nacional do CDS.
Para a líder centrista, o Governo «cria problemas», sendo «incapaz de encontrar soluções» para conseguir a «paz social», para resolver os problemas da saúde, da economia ou para aumentar o investimento público, que está «em mínimos históricos».
A iniciativa do CDS acontece enquanto decorre uma greve geral da Função Pública e sobe de tom o braço de ferro entre os enfermeiros e o Governo. Também os professores estão, há mais de um ano, em conflito com o Executivo, por causa do tempo de serviço congelado.
Na saúde, Assunção Cristas considera que é «gritante» o que está a passar-se, frisando que «não há qualidade na resposta do SNS». Além disso, a presidente do CDS alerta que, em três anos, a dívida do SNS «disparou quase mil milhões de euros» ao mesmo tempo que há «um número assustador» de demissões de médicos e direções clínicas.
Esta é a segunda moção de censura apresentada pelos centristas, as únicas contra este Governo. A primeira iniciativa aconteceu em Outubro de 2017, depois dos incêndios na zona centro. O documento será entregue no Parlamento na próxima quarta-feira, depois das jornadas parlamentares do PCP, que decorrem na segunda e na terça-feira.
O calendário escolhido pelo CDS para avançar com a iniciativa passa pelo prazo legal – que impede que seis meses antes de eleições seja apresentada uma moção de censura – e pela agenda do partido. Desta forma, o CDS compromete o PSD, sendo esta a primeira vez que Rio Rio terá de clarificar a sua posição em relação às políticas seguidas por António Costa.
Questionado pelo SOL sobre o sentido de voto, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, disse apenas que «existem muitos motivos para criticar o Governo», que «está a desfazer os serviços públicos, pondo em causa a coesão social». Não avançando o sentido de voto, Negrão garante apenas que o PSD «participará no debate para denunciar a má governação» do país.
Esquerda chumba moção
Os partidos de esquerda anunciaram em uníssono que vão votar contra a moção, que dizem ser estratégia de «campanha eleitoral» do CDS. O PCP diz mesmo que a iniciativa dos centristas não passa de uma «encenação», motivada pela disputa do espaço político à direita. Já o PS, através do líder parlamentar Carlos César, classificou a iniciativa de «irrelevante».