Detido em prisão preventiva há ano e meio, Jordi Sàchez, um dos 12 líderes catalães a ser julgado pela Justiça espanhola, garantiu, em entrevista exclusiva ao jornal i, que sairá amanhã na edição em papel, que o "projeto independentista é um projeto carregado de futuro".
O Ministério Público espanhol está a pedir 17 anos de pena de prisão para Sánchez se for condenado pelo Supremo Tribunal espanhol, pedido que, diz o líder catalão, lhe causa "vertigens".
Nos meses quentes de conflito entre Madrid e Barcelona, os líderes catalães, continuou o dirigente espanhol, pensavam que o então governo de Mariano Rajoy optaria, em última instância, pelo diálogo com o governo catalão e não com a transformação da questão política numa judicial, acusando os líderes catalães de rebelião, desvio de fundos públicos e desobediência com a realização do referendo independentista de 1 de outubro e com a proclamação unilateral de independência.
Uma recusa de diálogo que não se limite, afirma Sánchez, ao governo de Rajoy, estendendo-se também ao de Pedro Sánchez: "Posso compreender que Pedro Sánchez não apoie o direito à autodeterminação, mas é inconcebível que não apoie um espaço de diálogo político para procurar saídas para o conflito".
Em causa está a suspensão das negociações entre Madrid e Barcelona de há uma semana atrás por parte de Sánchez, que se tem visto crescentemente por uma aliança entre a direita (Partido Popular e Ciudadanos) e a extrema-direita (Vox) contra qualquer diálogo com os independentistas.
Com a suspensão das negociações, os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e do Partido Democrata Europeu da Catalunha (PDeCat) ameaçaram votar contra o Orçamento do Estado de 2019 do governo Sánchez caso este não regressasse à mesa das negociações. Sem ceder, Sánchez viu o seu orçamento ser chumbado na quarta-feira passada no parlamento espanhol optando por dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas para 28 de abril por entender não ter condições de governabilidade.
Desde junho de 2018 que Sánchez mantinha-se no governo com o apoio parlamentar do Unidos Podemos, nacionalistas bascos e independentistas catalães, vendo-se obrigado a negociar cada cláusula do orçamento com cada uma das forças políticas suas aliadas. Foi uma réplica da geringonça portuguesa adaptada às especificidades espanholas, com a direita a chamar-lhe "Frankenstein" político.
Soube-se este fim-de-semana que o partido de extrema-direita Vox deverá entrar no parlamento espanhol, segundo duas sondagens. De acordo com a da GESOP, o partido pode conquistar até 46 lugares num total de 350, enquanto na da GAD3, publicada pelo jornal catalão "La Vanguardia", poderá alcançar os 16 deputados.
A extrema-direita espanhola ganhou um novo ímpeto com a crise do independentismo catalão e com a polémica da exumação dos restos mortais do ditador Francisco Franco do monumento do Vale dos Caídos, em Madrid. Caso a direita e a extrema-direita alcancem a maioria absoluta no parlamento espanhol, as negociações entre Madrid e Barcelona deverão ser imediatamente terminadas.
A entrevista completa de Jordi Sánchez poderá ser lida na edição impressa do jornal i de amanhã.