Três deputadas conservadoras desvincularam-se do seu partido para se juntarem ao grupo independente formado pelos oito deputados do Partido Trabalhista que se demitiram nos últimos dias. Anna Soubry, Sarah Wollaston e Heidi Allen entregaram ontem a carta de demissão à primeira-ministra e líder dos conservadores, Theresa May.
Os membros do novo grupo independente têm em comum o seu alinhamento “ao centro” e a recusa em abandonar o projeto europeu. May disse estar “triste” com a demissão e garantiu que continuará a propor “uma política decente, moderada e patriótica”. Já um porta-voz do líder trabalhista, Jeremy Corbyn, acusou o novo grupo de formar “o que é, para todos os efeitos, uma coligação do sistema, que defende políticas falhadas e rejeitadas do passado”, como austeridade, cortes nos impostos de empresas e privatizações.
As deputadas que saíram dos conservadores faziam parte da ala europeísta, que fez campanha pelo “não” ao referendo de saída do Reino Unido da União Europeia. Afirmam que a vitória do “sim” levou a uma “viragem à direita da política”, que “definiu e moldou” o partido.
As deputadas acusam o governo de permitir que os eurocéticos “operem abertamente como um partido dentro do partido”. Organizados à volta do European Research Group, liderado por Jacob Rees-Mogg, os conservadores eurocéticos têm sido a chave para bloquear a aprovação do acordo negociado entre May e a UE.
A saída quase simultânea não é inesperada, dado o clima de polarização causado pelo Brexit, tornando difícil conseguir uma maioria que quebre o impasse no parlamento britânico. Com as demissões, o governo ficou ainda mais dependente dos deputados unionistas norte-irlandeses. Heidi Allen garantiu, em conferência de imprensa, que outros deputados estão “ansiosos” para se juntar ao novo grupo.