Há dois anos parada no rio Tejo, a tripulação de 16 homens do navio petroleiro Rio Arauca será dispensada por falta de pagamento, anunciou a empresa gestora Bernhard Schulte Shipmanagement. A tripulação de um outro navio venezuelano, o Parnaso, que se encontra numa doca seca no Porto de Setúbal, também será dispensada, mas apenas na próxima semana. Não se sabe o que os tripulantes farão depois.
O Rio Arauca tornou-se uma presença familiar a quem vive e trabalha em Lisboa e todos os dias atravessa o rio Tejo. Está fundeado mesmo em frente ao Terreiro do Paço, onde todos os dias passam milhares de turistas e lisboetas.
A dispensa resulta da falta de pagamento pela petrolífera estatal venezuelana PDVSA, que levou os navios a serem arrestados pelas autoridades. Por mês, o Rio Arauca paga cerca de 200 mil euros de taxas por estar às portas de Lisboa, segundo a Autoridade Portuária de Lisboa.
O petroleiro entrou no Porto de Lisboa com uma carga de crude para a Galp Energia e uma tripulação de 26 pessoas, mas pouco depois a empresa de navegação Navex recusou continuar a ser a agente do navio, deixando-o parado. Dez membros da tripulação já abandonaram a embarcação, com os restantes sem poderem vir a terra. A tripulação recebia mantimentos a cada dois meses pelas mãos de uma empresa que no passado celebrou contratos com a petrolífera venezuelana.
Quem tenta subir a bordo, como uma reportagem da TVI e do “Diário de Notícias” evidenciaram, vê o seu pedido recusado. Não se sabe o que acontece dentro do navio que navega com a bandeira das Ilhas Marshall.
Além da queda do preço do petróleo no mercado internacional, a PEVSA viu as suas receitas diminuírem substancialmente por causa das sanções dos Estados Unidos. O governo norte-americano bloqueou o acesso da direção, nomeados por Maduro, às contas da empresa, que se encontram no sistema financeiro norte-americano. Washington proibiu ainda as empresas norte-americanas de venderem nafta, químico fundamental para a transformação de crude em petróleo, à PDVSA, dificultando a sua exportação. No entanto, os EUA são o principal importador de petróleo venezuelano.
Para contornar as sanções e evitar a queda de exportação do hidrocarboneto, Caracas pediu aos seus clientes que depositassem os pagamentos numa conta aberta no banco estatal russo Gazprombank e anunciou que irá duplicar as suas exportações para a Índia, abastecendo assim o país asiático de “todo o petróleo de que necessita”. A Índia já era o segundo principal importador de petróleo venezuelano, mas agora poderá transformar-se no primeiro.
A venda de petróleo é a principal fonte de receita do Estado venezuelano.