Valdemar Alves, presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, recusou em conferência de imprensa as acusações de favorecimento e açambarcamento que surgiram na última semana. A autarquia, disse, apenas cedeu espaços para acolher os donativos entregues às vítimas dos incêndios de junho de 2017.
As suspeitas, levantadas por uma reportagem da TVI, foram negadas pelo autarca, que reiterou que todo o processo foi transparente. De acordo com a reportagem da TVI, centenas de eletrodomésticos como frigoríficos, máquinas de lavar e micro-ondas, bem como mobílias e roupa, estão guardados em armazéns da autarquia, nunca tendo chegado, segundo a estação de televisão, às vítimas – muitos, denunciou a peça televisiva, foram desviados para amigos e familiares dos autarcas, caso que o Ministério Público está a investigar.
“Os eletrodomésticos que estão num armazém da autarquia são da Cruz Vermelha/Revita, responsável pela gestão do apetrechamento das habitações”, disse aos jornalistas Valdemar Alves. Na mesma ocasião, o autarca explicou ainda que os equipamentos em questão se destinam às casas reconstruídas nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Viseu. Valdemar Alves disse também que os materiais de construção que foram doados à autarquia têm sido dados a “quem deles tem necessitado para a reconstrução das suas habitações”. O mesmo tem acontecido relativamente a outros bens como móveis e roupa, que “estão à disposição de todos os que têm precisado, sejam do concelho ou não”, garantiu o autarca. “Ajudámos e ajudamos pessoas vítimas de outros concelhos afetados pelos fogos de 2017, basta que as pessoas se dirijam à Loja Social que está aberta todos os dias da semana”, assegurou.
Valdemar Alves pronunciou-se ainda relativamente à conta solidária do concelho, referindo que tem um saldo 358.642,76 euros. O saldo, disse ainda, “está publicado no ‘website’ do município”, precisando que o dinheiro tem sido destinado apenas à compra de animais para as vítimas que os “tenham solicitado”. O dinheiro, continuou, não foi para já aplicado porque “inicialmente ainda não se sabia se iria haver necessidade de se completar alguma falha no apoio à reconstrução das habitações”.
O presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande garantiu ainda que “genericamente, todas as pessoas já foram compensadas pelo Estado” relativamente aos prejuízos.
A conferência de imprensa, que terminou com uma visita ao armazém onde estão guardadas as doações à Cruz Vermelha, ficou marcada pela tensão entre o autarca e o jornalista da TVI que assinou a reportagem, André Carvalho Ramos: Valdemar Alves recusou-se a responder às perguntas do jornalista. e, perante essa reação do autarca, o jornalista insistiu para que fosse facultado o acesso à lista de bens entregues.