Kate Juby, de 23 anos, foi violada, em abril de 2017, durante uma viagem ao Algarve na companhia dos amigos para um festival de música. A jovem foi violada duas vezes por um homem, motorista de reboques, que lhe ofereceu boleia para o aeroporto de Faro.
Agora, dois anos depois dos crimes, a jovem decidiu dar o seu testemunho ao jornal britânico Mirror. O objetivo é ajudar outras vítimas e mudar o sistema jurídico português.
Kate ia regressar a casa e procurou boleia de Aljezur até ao Aeroporto de Faro. Depois de esperar que um dos carros parasse, foi então que o motorista de reboques de automóveis lhe ofereceu boleia e garantiu que a deixava no Aeroporto. No entanto, não seria assim.
O homem, de 33 anos, começou depois a seguir por uma estrada secundária até uma zona deserta.
“Ele saiu e disse ’vem bebé’. Quando viu que eu não saia do veículo, arrastou-me para fora”, contou Kate.
Depois, o homem violou Kate duas vezes com “brutalidade”.
“Pensei que ia morrer, enquanto ele me violava eu só pedia: ‘Por favor não me mate’. Ele continuou a chamar-me bebé, o que é repugnante e horrível. Eu apenas gritava. Quando ele me me deixou, apanhei a minha mochila e corri”, recordou.
Mais tarde, quando Kate conseguiu chegar à estrada principal, um casal alemão parou o carro, socorreu a jovem e chamou a polícia.
Mas o pesadelo não ficava por ali, já que Kate alega que o tratamento no Hospital de Portimão não foi o melhor.
“Prenderam-me a uma cama, tiraram as minhas roupas. O médico disse para eu parar de chorar, para deixar de ser uma bebé e para crescer. Deram-me duas injeções sem nunca me dizerem o que era. Tiraram-me sangue, o ADN, sempre a segurarem-me à força e a dizerem para eu não fazer barulho e não chorar. O médico foi mesmo cruel comigo. Foi horrível”, referiu.
Encaminhada para a Polícia Judiciária (PJ) de Portimão, Kate conta que lhe deram apenas um copo de água depois de várias horas e que teve de aguardar bastante tempo até poder entrar em contacto com os pais, que estavam no Reino Unido.
A jovem britânica recorda o telefonema como “o momento mais difícil” da sua vida.
Kate relembra que teve de identificar o agressor apenas seis horas depois do crime e recorda a forma como este sorria ao lado dos outros suspeitos.
A britânica acabou por regressar sozinha a casa e teve uma recuperação morosa e complicada, admitindo que ainda não consegue estar sozinha ou perto de homens.
“Ele admitiu a culpa, mas foi condenado a quatro anos e meio de pena suspensa, pagou uma indemnização de 2 mil euros, e saiu do tribunal a sorrir de braço dado com a mulher”, disse, considerando ainda que não se fez justiça e que a sentença é "injusta".
Kate Juby decidiu doar a indemnização a uma instituição de solidariedade portuguesa e admite recorrer da sentença.