Os primeiros registos históricos de caça à baleia remontam ao século XVI. Embora se registe a presença de baleeiros ingleses no século XVIII, a caça sistemática (‘baleação’) nas águas do arquipélago só se iniciou na segunda metade do século XVIII e início do século XIX, com a chegada dos navios baleeiros dos Estados Unidos, nomeadamente aqueles oriundos de New Bedford e de Nantucket. Ao arregimentarem homens para completar as suas tripulações nas ilhas, acabaram por ensinar aos açorianos as técnicas da caça à baleia, patente no uso do próprio vocabulário baleeiro, quase que totalmente de origem anglo-saxónica.
Baleação é o nome genérico dado à caça à baleia e ao cachalote, incluindo as tecnologias, tradições e formas sociais de organização dos baleeiros. A baleação teve grande expressão em diversas regiões costeiras e insulares do mundo, como foi ocaso dos Açores.
As campanhas baleeiras no arquipélago tinham lugar anualmente, de 15 de maio a 15 de setembro. Eram utilizados os chamados ‘botes de boca aberta’, típicos dos Açores, e arpões. Após a captura, as carcaças dos cetáceos eram objeto de desmanche para a extração do óleo (‘azeite’), do âmbar-gris, das barbatanas e da carne. Os ossos eram reduzidos a farinha e existia a chamada extração do ‘azeite de baleia’. Desde 1987 que se deixou de praticar a ‘caça’ à baleia em Portugal, tendo o último cachalote sido caçado naquele ano, ao largo da vila das Lajes do Pico. O comércio dos produtos extraídos da baleia foi proibido, no entanto, a comunidade marítima dos Açores não deixou de aproveitar o valor dos seus cetáceos, tendo percebido, que são mais valiosos vivos do que mortos. É neste contexto de crescimento do turismo nas ilhas que surgem as atividades de observações de cetáceos, que aproveitam toda a infraestrutura instalada de vigias e de conhecimento baleeiro local, para proporcionarem, aos turistas que visitam os Açores, uma incrível experiência de turismo natureza relacionado com a observação de cetáceos, que já é uma atividade económica relevantes do arquipélago.
Os Açores são atualmente um dos maiores santuários de baleias do mundo. Entre espécies residentes e migratórias, comuns ou raras, avistam-se mais de vinte tipos diferentes de cetáceos nas suas águas. O número impressiona e corresponde a um terço do total de espécies existentes. Estamos num ecossistema de características únicas. Com a presença das magníficas baleias e dos golfinhos, o azul do Atlântico ganha mais vida e torna-se verdadeiramente mágico.
Sócio da PwC