1.A comunicação social portuguesa, mais uma vez, viveu um momento de júbilo: sempre que alguns jornalistas lêem algo negativo sobre o Presidente Trump, correm para os seus computadores e repetem o que foi escrito pela imprensa da esquerda (e, hoje, extrema esquerda, como Ilhad Omar e a CNN que branqueia as suas declarações anti-semitas e racistas), dispensando o cuidado mínimo de confrontarem fontes, apresentarem o lado contrário e cumprirem aquilo que se lhes exige: expor os factos para permitir que os leitores, no exercício da sua liberdade crítica, formulem as suas opiniões.
2.No entanto, para nós, que ainda – talvez por ingenuidade, romantismo ou fé inabalável que o ser humano é sempre capaz de melhorar, corrigindo os seus erros mais tarde ou mais cedo – acreditamos no jornalismo e no comentário político assente nos valores da seriedade, da honestidade e da verdade, é sempre triste constatar que a maioria dos jornalistas portugueses se limita a reproduzir a CNN e as agências de informação internacionais que apenas transmitem o que lhes interessa (ou aos respectivos Governos), em função dos patrões a quem devem obediência.
Ora, nos últimos dias, os jornais portugueses e as televisões nacionais apresentaram nas parangonas e na abertura dos espaços noticiosos o depoimento do ex-advogado do Presidente Donald Trump, Michael Cohen. O depoimento era aguardado com elevada expectativa, pois a Comissão da Câmara dos Representantes apresentou-o (como se tratasse de um verdadeiro espectáculo televisivo) como demolidor, como urgente – como verdadeiramente comprometedor para o Presidente dos EUA.
Finalmente, dois anos depois (após tantas investigações, tantas comissões, tanta discussão em torno do “Special Counselor”, tanta “notícia explosiva” emitida pela CNN e a MSNBC…), finalmente, iria aparecer a prova derradeira do conluio! Michael Cohen iria apresentar as provas pelas quais os democratas tanto esperaram; as provas que iriam salvar os democratas de uma nova derrota em 2020. Seria na quarta-feria, após o testemunho de Michael Cohen, que o Presidente Trump estaria condenado a um processo de impeachment!
Sim, Michael Cohen iria provar que Trump não passaria de um espião da Rússia.
Sim, Michael Cohen iria demonstrar, para além de qualquer dúvida razoável, que o filho do Presidente Trump – Donald Jr. – teve uma reunião altamente duvidosa e ilegal na Trump Tower com agentes russos.
Sim Michael Cohen iria irrefutavelmente explicar aos americanos a psicologia do Presidente Trump, provando que, afinal, é um racista, que não quer saber dos Estados Unidos, que não é patriota – às tantas, o Presidente Trump nem sequer é cidadão americano…. Mas Michael Cohen iria esclarecer o mundo sobre todas estas histórias!
3.Mais: a audição de Michael Cohen apresentava-se como tão determinante, como tão crucial – que o “Chairman” do “Oversight Comitee” da Câmara dos Representantes dos EUA, Elijah Cummings, afirmou que a audição teria que ser realizada necessariamente na passada quarta-feira, não sendo susceptível de ser adiada – não obstante tal audição, no referido “timing”, violar as regras de funcionamento da comissão!
Ou seja: entre o cumprimento das regras e o efeito político da audição de Cohen na quarta-feira, os democratas – que, com a cumplicidade da comunicação social parcial, assumem-se como “santinhos” e impolutos – já não se preocupam com a democracia e as “tentações totalitárias” quando o desrespeito das leis lhes é favorável.
Enfim, é apenas mais uma demonstração da soberba, da arrogância e da hipocrisia da esquerda: as regras que regulam o processo democrático, que constituem os procedimentos do exercício da actividade política são boas apenas enquanto são favoráveis às suas pretensões políticas, mais ou menos imediatistas.
Pois bem, por que razão os democratas – sobretudo a sua ala radical que alcançou uma representação bizarra, face ao que valem efectivamente dentro do partido, na Câmara dos Representantes – insistiram tanto que a audição se realizasse na quarta-feira, mesmo violando as regras que regulam o funcionamento da “Oversight Commitee”, como – bem – alegou o Representante do estado do Ohio, Jim Jordan ?
Fácil: na quarta-feira, o Presidente Trump reuniu-se com o líder da Coreia do Norte, Kim Jung-Un, no Vietname, em mais um momento histórico rumo à desnuclearização da península coreana. Ora, os democratas – a poucos meses do início de mais um processo eleitoral – não podem tolerar mais uma vitória, no plano externo, do Presidente Trump, sob pena do cenário muito possível de reeleição se tornar inevitável.
Somando às vitórias internas – que vão desde a economia pujante, como há muito não se registava, com níveis de desemprego mínimo em todos os estratos sociais americanos, passando pela atitude firme em matérias de segurança interna que os políticos ignoraram durante décadas, até à firmeza perante as injustiças comerciais chinesas, que agora até os democratas adoptaram como ponto estratégico de campanha eleitoral (não reconhecendo, no entanto, qualquer mérito ao Presidente Trump, em mais um exercício de hipocrisia esquerdista) – , a cimeira com Kim Jung-Un e os avanços na resolução de um problema da comunidade internacional que a administração Obama julgava inútil, poderiam afirmar definitivamente a imagem do Presidente Trump como líder do mundo livre.
Como alguém que é mesmo, ao contrário dos gritos da esquerda nos últimos quase três anos, “very presidential” – e que poderia até lograr uma coligação de apoio improvável entre eleitorados tradicionalmente divididos entre os dois partidos estruturantes norte-americanos.
4.Pois bem, a audição de Michael Cohen e a insistência de Elijah Cummings (que o “The Washington Post” , ontem, já tornou o novo herói da esquerda) para esta se realizar na passada quarta-feira inserem-se numa estratégia de guerrilha permanente da esquerda contra Trump – utilizando matérias judiciais para esconder o enorme vazio de ideias dos democratas e a sua desorientação estratégica. E já sabemos que não podemos contar com a comunicação social para o informar do que verdadeiramente se passa nos EUA.
De facto, ninguém lhe contou que o advogado de Michael Cohen se chama Lanny Davis – por acaso, foi apenas o braço-direito de John Podesta (o director de campanha de Hillary Clinton) e colaborador activo da Clinton Foundation.
Ninguém lhe diz que Lanny Davis – por quem, aliás, temos imensa consideração jurídica, até porque se formou na melhor escola de Direito, juntamente com a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que é a Yale Law School – escreveu um livro, no rescaldo da derrota de Hillary, intitulado “ The Unmaking of the President 2016”, em que atribuiu a derrota da democrata ao anúncio da investigação ao caso dos emails por parte de James Comey.
O argumento é o seguinte: as sondagens anteriores ao anúncio da investigação apontavam para uma vitória esmagadora de Hillary Clinton; o resultado eleitoral, como se sabe, foi bem diverso. Logo, foi Comey quem tirou a Casa Branca a Hillary. Ora, este é um argumento altamente falacioso – é que, na verdade, as sondagens posteriores ao anúncio da investigação aos emails de Clinton continuaram a conjecturar vitórias esmagadoras da democrata (basta evocar que a projecção do próprio dia antecipavam essa vitória tão prometida, mas nunca concretizada!).
Ninguém lhe diz que a intervenção inicial de Michael Cohen incluía várias passagens do discurso de Lanny Davis em conferência na República Checa (em que representou Hillary Clinton, denunciando o “racista” Donald Trump) e do último capítulo do seu livro.
Ninguém lhe diz que Lanny Davis é o autor do livro “ Scandal – How Gotcha Politics is destroying America”, em que explica como se constroem rumores com intuitos políticos, assente em falsidades.
Na altura, em 2007, Lanny Davis era contra este estilo de “gotcha politics” porque entendia que destruía a credibilidade das instituições democráticas. Percebemos porquê: Lanny Davis era conselheiro de Hillary nas primárias que haveriam de consagrar Barack Obama – ora, a campanha de Obama adoptou uma estratégia de lançamento permanente de rumores relativamente ao passado de Hillary Clinton.
Na altura, era, na opinião de Lanny Davis, um autêntico vilão. A história repete-se agora; da mesma forma que Obama era um perigoso populista porque derrotou Hillary – Donald Trump é agora um vilão racista, porque se atreveu a derrotar Hillary Clinton e os democratas.
Ninguém lhe diz que, na verdade, Lanny Davis não defende Michael Cohen – defende Hillary Clinton.
Da mesma forma que Michael Avenati foi glorificado como uma estrela ascendente democrata porque patrocinou “Stormy Daniels” para desgastar Donald Trump, caindo em desgraça poucos meses depois, Michael Cohen cumprirá a sua pena porque ter mentido às autoridades judiciárias – e Lanny Davis continuará a sua cruzada de reescrita do percurso político de Hillary Clinton.
5.Esperemos que, no meio de tanto ruído inconsequente, o Presidente Trump prossiga o seu trabalho de“making America Great Again – and greater than ever before!”.
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