Conflito em Caxemira dá ganhos eleitorais a Modi

O primeiro-ministro indiano tem subido nas sondagens, em ano eleitoral, no rescaldo do aumento de tensão com o Paquistão. A oposição questiona as suas alegadas vitórias militares

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tem subido nas sondagens, em ano eleitoral, no rescaldo do aumento de tensão com o Paquistão. Os ataques aéreos indianos através da fronteira paquistanesa, a 26 de feveiro, ilegais à luz da lei internacional, ajudaram a cimentar imagem de Modi enquanto homem forte, capaz de defender o país, com o governo indiano a afirmar ter morto pelo menos 300 membros do Jaish-e-Mohammed (Exército de Maomé). Uma vitória que assenta que nem uma luva na retórica do partido nacionalista hindu de Modi, o Partido do Povo Indiano (BJP).O governo indianos acusa o seu vizinho de patrocinar os grupos terroristas islâmicos, incluindo o Jaish-e-Mohammed, responsável pelo atentado de Pulwama, que matou 40 paramilitares indianos em Caxemira, a 14 de fevereiro.   

No entanto, o Paquistão nega que o ataque tenha atingido qualquer alvo, garantido que foram bombardeados apenas os montes vazios da região Balakot. A líder do partido do Congresso, Navjot Singh Sidhu, questionou esta segunda-feira no Twitter o primeiro-ministro indiano:"Qual o propósito do ataque? Estava desenraizar terroristas ou árvores? Foi um golpe eleitoral? O engano toma a nossa terra sob o disfarce de combater um inimigo externo".

Caso seja um golpe eleitoral, funcionou. A popularidade de Modi estava em queda antes do conflito com o Paquistão, prevendo-se que o BJP tivesse grande dificuldade em reconquistar uma maioria, devido ao abrandamento da economia, diminuição dos rendimentos e aumento do desemprego. Agora a popularidade do primeiro-ministro voltou a subir, para níveis sem precendentes desde 2017, segundo a agência de sondagens C-Voter, em declarações à Reuters.

"Não interessa o que a Índia ou o Paquistão estão a fazer, pelo menos do ponto de vista eleitoral", garantiu à Reuters Yashwant Deshmukh, fundador da C-Voter, acrescentando que "o que importa é que o tipo de percepção que os media e o BJP e Modi conseguem criar. Se eles conseguem criar a percepção que há uma crise, 'nós fizemos algo, precisamos de ter um homem forte a liderar os país', eles têm a vantagem. Os detalhes não interessam".

Modi já criticou os cépticos das suas vitórias militares, afirmando num comício do BJP: "Quero saber porque é que o Congresso e os seus parceiros estão a fazer declarações que estão a beneficiar os inimigos".