O Conselho de Administração de Serralves anunciou esta semana a nomeação do curador francês Philippe Vergne, de 52 anos, como diretor artístico do museu após um processo de seleção internacional, com entrevistas a candidatos de várias partes do mundo. Na nota enviada às redações, Serralves diz que o novo responsável pela direção artística do museu tem uma «carreira sólida, desde sempre ligada à arte contemporânea» e já «liderou algumas das mais prestigiadas instituições de arte dos EUA e da Europa», vincando o quanto pesou na escolha a sua «experiência de 25 anos de liderança em várias instituições internacionais».
A demissão de João Ribas em setembro passado, no dia subsequente à inauguração da exposição do fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe, desencadeou uma forte polémica, tendo Ribas acusado a administração de sistemática ingerência nas suas funções. Ao fim de cinco meses, e depois de uma guerra de palavras de parte a parte, não se dissiparam inteiramente as dúvidas sobre o que levou à rutura e ficou claro que tem faltado transparência na forma como é dirigida uma instituição altamente subsidiada pelo Estado, num valor que representa mais de metade do seu orçamento para a cultura. Além das críticas de que tem sido alvo o conselho presidido por Ana Pinho, ficou claro que a exposição de Joana Vasconcelos, I’m Your Mirror, que chegou no mês passado a Serralves não fora uma opção nem de Susanne Cotter nem de João Ribas, que assumiu a direção do museu em janeiro de 2018, também na sequência de um concurso internacional.
Só em março Vergne se libertou do vínculo que o ligava desde 2014 ao Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (MOCA), instituição que dirigia há quatro anos. No passado mês de maio, depois de dois meses de intensa especulação, Vergne anunciou que, numa decisão por mútuo acordo com o conselho de administração do museu norte-americano, não iria renovar o contrato. Em abril do ano passado, um mês depois de Vergne ter demitido a sua principal curadora, Helen Molesworth, causando algum choque no mundo das artes, foi noticiado que ele tinha colocado a sua mansão em Hollywood Hills, avaliada em 4 milhões de dólares, no mercado.
Vergne chegou ao MOCA, em 2014, num período bastante complicado e em que chegou a aventar-se a possibilidade do museu criado por artistas fechar as portas. A contratação de Molesworth foi muito bem recebida, e ao longo do mandato o curador francês conseguiu devolver o museu a uma situação financeira estável, partindo com uma bolsa que ficara reduzida a 5 milhões de dólares, e deixando-a nos 125 milhões, de acordo com museu. Ao mesmo tempo, também a equipa do museu aumentou de 40 para 60 funcionários.