Nos últimos quatro meses de 2018, o crescimento do PIB apresentou uma desaceleração. De acordo com a nota de conjuntura de fevereiro publicada pelo Fórum para a Competitividade, o crescimento foi de 1,7% abaixo do intervalo estimado entre 1,8% e 2%.
O mesmo comportamento negativo foi registado no conjunto do ano em que o PIB cresceu apenas 2,1%, face aos 2,8% de 2017. “Um desvio apreciável face à estimativa do governo (2,3%)”, pode ler-se na nota. Mesmo que este crescimento possa recuperar nos primeiros três meses do ano, o Fórum afirma que existem fortes restrições aos valores do ano corrente e deixa o aviso: “A estimativa de crescimento para 2019, incluída no Orçamento de Estado, de 2,2%, está agora muito mais longe de se poder realizar”.
No ano passado, o emprego cresceu 2,3% e a produtividade caiu 0,2%. Caso esta quebra não se registasse, como acontece em quase todos os países desenvolvidos, o PIB poderia ter registado um crescimento de 4%.
Nos últimos três meses do ano, a taxa de desemprego estabilizou nos 6,7%. As previsões para o futuro apontam para um redução do desemprego mais lenta, “pelo menos enquanto o crescimento económico se mantiver acima da tendência”, explica a nota assinada pelo diretor do gabinete de estudo do Fórum, Pedro Braz.
O abrandamento, especialmente no que diz respeito às exportações, em especial no turismo, “poderá colocar em causa a preservação de saldos externos positivos em 2019”, pode ler-se. “O saldo das balanças corrente e de capital foi de 903 milhões de euros (0,5% do PIB)”, mais de um terço do excedente de 2017, recordou a nota.
Portugal e a UE
Portugal está a divergir, concluiu o Fórum. A explicação está na combinação entre o crescimento do PIB e a produtividade.
Portugal até apresenta melhor resultados que a União Europeia (UE), uma vez que neste conjunto de países o crescimento foi de 1,9%. No entanto, a previsão da Comissão Europeia para o crescimento da produtividade da UE aponta para um aumento de 0,9%, o que em comparação com a queda nacional, aciona o sinal vermelho.
Mesmo excluindo o comportamento da produtividade, a evolução do PIB, que convergiu duas décimas, mostra que demoraríamos 130 anos para atingir a média da UE e vinte anos para regressar à posição relativa de 2000 (quarenta anos perdidos), dado que o nosso PIB per capita é de 74% da média europeia”, explica o Fórum.
Para 2019, um ano que parece vir a ser de desaceleração das economias portuguesa, europeia e americana, contrariar esta tendência passa por conseguir melhorar a competitividade, alterar as políticas de formação profissional; acelerar os licenciamentos e a redução drástica dos prazos de pagamento do Estado, sendo que as últimas três apenas registam resultados a médio prazo.
A mesma nota mostra que, em 2018, apenas a Grécia mostrou um desempenho pior que Portugal.