O Fidesz, o partido do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, enfrenta a possibilidade de expulsão do Partido Popular Europeu (PPE). Orbán tem estado sob críticas da União Europeia que se agravaram com uma campanha publicitária do seu partido, que relaciona o presidente da Comissão Europeia e membro do PPE, Jean-Claude Juncker, e o magnata húngaro-americano George Soros, a uma alegada conspiração para inundar a europa de imigrantes. Juncker já deixou claro que não acredita que o Fidesz tenha lugar no PPE.
Além dos ataques ao presidente da Comissão Europeia, Orbán também é alvo de críticas por ter expulso a Universidade Central Europeia da Hungria. A estes dois factos juntam-se as acusações de crescente autoritarismo e de desrespeito pelo Estado de direito, com medidas que minam a separação entre o poder judicial e executivo, limitando ainda a liberdade de expressão. O primeiro-ministro húngaro também é conhecido pelas suas medidas duras quanto à imigração.
Na segunda-feira, o Partido Popular Europeu recebeu moções de pelo menos 12 partidos membros, que querem a suspensão ou expulsão do partido húngaro a 20 de março. No entanto, a expulsão do Fidesz não é provável de ocorrer se a CDU da chanceler alemã Angela Merkel não a apoiar. E os alemães parecem ter perdido a paciência de vez. “Houve uma alteração fundamental nas relações com Orbán”, afirmou ao “Der Spiegel” Manfred Weber, candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, que pela primeira vez não se recusou a considerar a expulsão do Fidesz. “O que é demais é demais. É esta a nossa mensagem”, disse Weber.
Em declarações à Reuters via email, o Fidesz garante que “não quer sair do Partido Popular [Europeu]”, e que o “objetivo é que as forças anti-imigração ganhem força dentro do PPE”. O partido tem atualmente 217 dos 750 deputados do Parlamento Europeu, 12 dos quais do Fidesz, e as sondagens indicam que se manterá o maior grupo parlamentar nas próximas eleições, marcadas para maio deste ano. A saída dos deputados do Fidesz poderá dificultar a eleição de Weber, que irá a votos no Parlamento Europeu este ano.
A expulsão do Fidesz poderá “levar ao realinhamento das forças partidárias no Parlamento [Europeu]”, considera Milan Nic, analista do Conselho Alemão de Relações Internacionais, em declarações à revista “Politico”. Nic acrescenta que em vez desta reorganização ocorrer depois das eleições de maio, como esperado as forças nacionalistas “podem ser forçadas a agir antes das eleições”.
É possível que nessas circunstâncias Orbán venha a procurar uma aliança com a Liga, o partido de extrema-direita do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, e com a Reunião Nacional de Marine Le Pen. Os votos do Fidesz poderão até dar aos nacionalistas um número de deputados que lhes permita bloquear legislação europeia.