Às 15h, junto ao Parque da Bela Vista, em Lisboa, estavam milhares de enfermeiros. Com cravos brancos nas mãos e camisolas brancas vestidas, os profissionais seguem em marcha até ao hospital Santa Maria.
Têm cravos brancos, apitos, tambores e pequenos cartazes. O objetivo da Marcha Branca é homenagear a enfermagem e as mulheres enfermeiras.
Catarina Vieira, tem 35 anos e é enfermeira há 13. Ao SOL disse que veio de Aveiro para a capital com o propósito de participar nesta iniciativa e que o decidiu fazer "pela profissão", que tem sido denegrida em praça pública e que tem levado a população a desacreditar nos enfermeiros. "Estamos aqui para dizer que vamos continuar a estar ao lado das pessoas e a cuidar delas sempre", completou a enfermeira.
Para a Catarina Vieira o objetivo da marcha não é reivindicar, mas sim prestar um tributo à enfermagem. A data foi escolhida a dedo: "A marcha foi escolhida hoje [sexta-feira], no dia da mulher por ser uma profissão maioritariamente de mulheres…). Continuamos a pedir às pessoas que nos apoiem porque nós vamos apoiá-las sempre».
Apesar de ser um dia para celebrar a enfermagem, Catarina Vieira afirmou que os profissionais não vão baixar os braços, admitindo que esta marcha vai ajudar os portugueses a perceber que os enfermeiros estão unidos e que vão «continuar a lutar pelo Sistema Nacional de Saúde". "Hoje não estamos cá para reivindicar nada", completou.
Rosa Cruz partilha da mesma visão de Catarina Vieira. "Estamos a fazer uma marcha pela enfermagem", referiu ao SOL, acrescentando esta manifestação serve para mostrar que "não somos selvagens, não somos criminosos simplesmente queremos um melhor SNS para todos".
A enfermeira tem 33 anos e há 11 que exerce a profissão. Vinda de Viseu para a capital, defendeu que as reivindicações não estão esquecidas, mas que o principal objetivo do dia de ontem era demonstrar que os enfermeiros se encontravam em "paz" com as pessoas e para mostrar que os enfermeiros continuam unidos.
Já para Ana Godinho, de 36 anos e enfermeira há 12, mais do que homenagear a profissão, hoje é dia de voltar a relembrar o governo de que o setor está descontente: "Estou aqui para demonstrar descontentamento acerca da carreira, da enfermagem e do rumo que as coisas têm tomado nos últimos anos", disse ao SOL.
A enfermeira espera que esta marcha ajude o governo a mudar de posição nas negociações, mas a expectativas são baixas. "Não acredito. Até agora de nada serviu", acrescentou.
Os enfermeiros parecem não perder o fôlego e já deixaram a sua posição bem vincada. Na quinta-feira, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) anunciou uma nova greve geral para abril. Marta Temido, Ministra da Saúde, já se pronunciou sobre a tomada de posição do sindicato afirmando ter "uma vontade séria de negociar" com os enfermeiros. "Espero que a greve não aconteça", reiterou a governante.