O Parlamento britânico vai votar hoje, por volta das 19h, o acordo de saída da União Europeia negociado entre a primeira-ministra britânica, Theresa May, e os líderes europeus. No entanto, parece muito difícil que a primeira-ministra consiga uma maioria parlamentar, enfrentando oposição de parte do seu próprio partido e dos seus aliados do Partido Unionista Democrático (DUP). Os conservadores eurocépticos e os unionistas rejeitam as salvaguardas a uma fronteira física na ilha da Irlanda, que receiam ser uma maneira de manter o Reino Unido sujeito à política económica e alfandegária europeia.
May tem feito esforços para conseguir o apoio dos deputados à sua direita, procurando conseguir alterações legalmente vinculativas ao seu acordo, que coloquem uma duração ou um mecanismo de saída das salvaguardas. Contudo, União Europeia não se mostrou disponível a esss alterações, dificultando a vida à primeira-ministra britânica. May ainda tentou conseguir o apoio do Partido Trabalhista, o maior da oposição, pressionando-os com o ultimato de que caso o seu acordo não seja aprovado acabaria por haver uma saída não-negociada da UE, com sequências imprevisíveis. O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, recusou o ultimato, acusando May de tentar "deixar passar o tempo" até à data da saída em que tem efeito o Brexit, a 29 de março.
Ao confirmar que dificilmente teria ao seu lado os trabalhistas, o executivo britânico virou o seu últimato para os eurocépticos, passando a ameaçar que caso estes não aprovassem o seu acordo o Reino Unido poderia nunca sair da UE. Um ultimato que teve o efeito secundário de dar folego aos defensores de um segundo referendo, como os trabalhistas europeístas, os conservadores contrários ao Brexit e os deputados dissidentes de ambos os partidos, que formaram um novo grupo independente no Parlamento.
O resultado destas manobras e contra-manobras será visto hoje, às 19h, estando todas as possibilidades em aberto, numa votação decisiva para o futuro do Reino Unido.