O Benfica defronta esta quinta-feira o Dínamo de Zagreb, na segunda mão dos oitavos-de-final da Liga Europa, com a necessidade de dar a volta à eliminatória após a derrota (1-0) no primeiro jogo. Este é, na verdade, o período de menor fulgor dos encarnados desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico da equipa: ao desaire na capital croata seguiu-se o empate cas4eiro concedido perante o Belenenses, SAD (2-2), na última segunda-feira.
Um cenário, todavia, que não preocupa sobremaneira o técnico das águias. Muito menos tendo em conta questões individuais, nomeadamente os erros grosseiros de Vlachodimos e Rúben Dias que originaram os golos dos azuis. "O futebol é um jogo de erros. Houve esses, mas quantas oportunidades criámos? Quantos remates fizemos? Podemos associar o Ody [Vlachodimos] e o Rúben a esse resultado porque são dois erros tremendos que dão golos. Mas quantas vezes estão os mesmos jogadores associados a coisas que são positivas?", questionou esta quarta-feira o treinador do Benfica, complementando a ideia com mais um elogio ao central português: "O Rúben tem andado acima da média em todos os jogos. Os erros acontecem a todos. Aqui, o básico é o trabalho que eles fazem."
Jonas, por exemplo, foi outro dos nomes a que Lage aludiu para fazer elogios. "Tenho falado do Jonas porque parecia que vocês [jornalistas] não acreditavam que ele podia jogar 90 minutos. Mas jogou, correu e parecia um jovem de 18 anos. E é isso que tenho visto. Estes jogadores fizeram uma recuperação fantástica [no campeonato]. E ninguém sofre mais do que eles quando erram, mas aquilo que têm de fazer é seguir em frente. Isso é que vai fazer a diferença", salientou o técnico, utilizando depois a experiência que granjeou em Inglaterra como adjunto de Carlos Carvalhal: "Aqui em Portugal, a derrota e o insucesso carregam-nos muito. Em Inglaterra, joga-se de três em três dias e a mentalidade é sempre seguir em frente. Treinar bem, jogar bem e seguir em frente. É essa a mentalidade que quero incutir aqui."
Carvalhal, de resto, foi novamente lembrado por Bruno Lage mais tarde – ou, mais propriamente, uma das suas famosas analogias. "Citando o Carlos Carvalhal, se formos os dois comer um frango assado e eu o comer inteiro, estatisticamente comemos meio frango cada um", gracejou, quando questionado sobre o facto de os encarnados terem feito apenas dois remates enquadrados com a baliza em cada um dos últimos dois jogos. "O mais importante são as oportunidades criadas. Os dados estatísticos têm pouca importância. Eu gosto de olhar é para o que fazemos de positivo. Temos várias oportunidades de chutar e isso é que é importante. Não circulamos por circular, fazemos essa circulação para criar espaços. E o mais importante é que criamos oportunidades", realçou.
Sobre o jogo desta quinta-feira, Bruno Lage declarou querer repetir "os primeiros 30 minutos" da partida em Zagreb, garantindo a um jornalista croata não ter sido apanhado de surpresa com o adversário. "Não. A nossa estratégia passou por colocar o Krovinovic e o Gedson porque sabíamos que íamos ser pressionados no centro, e também para dar largura ao nosso jogo. Até à lesão do Seferovic, as coisas estavam a resultar; depois não criámos tantas oportunidades porque perdemos um pouco o ataque à profundidade. E sem esse ataque, não há muito espaço porque as equipas ficam compactas e mais confortáveis a pressionar. Mas estamos muito motivados para fazer um resultado que nos permita seguir em frente na eliminatória. Ao contrário do que o treinador adversário pensa, e apesar de termos chegado há pouco tempo, temos muito bem identificados e conhecemos ao detalhe os nossos adversários. O trabalho dos treinadores é conhecer ao máximo o adversário e definir o melhor onze para jogar. Foi isso que fizemos na primeira mão e é isso que vamos voltar a fazer", prometeu, deixando ainda a certeza de que não irá proceder a uma rotação do plantel neste encontro: "Já disse que não fazemos rotatividade, fazemos a gestão normal do plantel. É isso que fazemos desde a minha entrada. Jogamos de três em três dias e temos de perceber a gestão do plantel e escolher o onze que dê condições para vencer os jogos. Quando as coisas não correm tão bem, como na Cróacia, parece que tudo é colocado em causa. Quando correm bem, passam um bocadinho ao lado."