Movimento anti-geringonça ignora Rui Rio

Reúne dirigentes do CDS, da Aliança e da Iniciativa Liberal. Do PSD só há críticos de Rui Rio. A ideia é refundar a direita.

São quase 100 os fundadores do Movimento 5 de Julho. Têm visões ideológicas distintas, mas une-os a convicção de que a direita atravessa uma crise e precisa de «refundar-se para depois se federar». O movimento, que se inspira na AD liderada por Sá Carneiro (5 de julho foi o dia em que nasceu a Aliança Democrática), integra gente de todos os partidos de direita, mas não tem ninguém próximo de Rui Rio.

«É uma coincidência», garante ao SOL Miguel Morgado. O deputado do PSD deixa, porém, claro que o movimento quer «marcar uma fronteira muito clara entre o que é o projeto socialista de governação e de sociedade e aquilo que defendemos». Ou seja, a ambiguidade da atual direção de Rui Rio em relação à política de alianças pode não ser compatível com os objetivos do Movimento 5 de Julho.

Há, no entanto, vários militantes e deputados do PSD. Muitos estiveram ao lado de Passos Coelho durante os anos da troika. Carlos Abreu Amorim, ex-vice-presidente do grupo parlamentar, Francisco José Viegas, ex-secretário de Estado da Cultura, ou Pedro Lomba, ex-secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares são alguns exemplos. Outro dos nomes conhecidos é o de Alexandre Relvas, empresário e ex-diretor de campanha de Cavaco Silva.


Movimento inspira-se na AD de Sá Carneiro 

CDS adere em força 

Na lista de fundadores salta à vista a presença de muitos militantes do CDS. Alguns muito próximos de Assunção Cristas, presidente do partido. Cecília Meireles, vice-presidente, e as deputadas Ana Rita Bessa e Vânia Dias da Silva integram o movimento. Mas também figuras como Francisco Mendes da Silva e Pedro Pestana Bastos.

Apesar de PSD e CDS estarem mais distantes, principalmente com a chegada de Rui Rio à liderança, os passistas mantêm ligações com o partido de Assunção Cristas. Miguel Morgado, ex-assessor político de Passos Coelho e promotor deste movimento, foi um dos responsáveis, principalmente após a crise do ‘irrevogável’, por fazer as pontes com os centristas.

Os novos partidos também não ficam de fora. João Pedro Varandas, advogado e irmão do atual presidente do Sporting, pertence à Aliança. Carlos Guimarães Pinto é o presidente da Iniciativa Liberal.

Também é possível encontrar na lista de fundadores já publicada no site do movimento muitos independentes. O historiador Rui Ramos, a jornalista Maria João Avillez e o empresário Jorge Bleck alinharam na necessidade de juntar vontades no espaço não socialista.