O relatório sobre um incidente com um voo da TAP em outubro de 2016 revelou que a situação se ficou a dever a um erro humano e ao cansaço do piloto, após seis voos.
Recorde-se que no incidente em causa, um avião ATR 72, operado pela White Airways, em nome da TAP Express, descolou do Porto com destino a Lisboa com 20 passageiros e quatro tripulantes. Na aproximação à pista, o comandante forçou a aterragem a uma velocidade "bem acima" do que era suposto, acabando por embater quatro vezes na pista.
O incidente causou danos significativos no trem de aterragem dianteiro, no trem principal esquerdo e em painéis da fuselagem dianteira, mas não provocou quaisquer feridos.
A causa apontada como tendo sido mais provável para o acidente foi, segundo o relatório citado pela agência Lusa, a decisão do piloto "em prosseguir e forçar a aterragem, não cumprindo os critérios estabelecidos (…), com velocidade [de aproximação] bem acima da referência".
As conclusões são de peritos do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que acreditam também que a fadiga "poderá ter contribuído para o acidente ao afetar diretamente o desempenho" do piloto comandante, de 51 anos, que naquele dia realizou seis voos da ponte aérea Lisboa/Porto (e vice-versa).
Sublinhe-se que o piloto em todos esses voos esteve acompanhado pela mesma copiloto, de 26 anos, que terá alertado o comandante para a "velocidade excessiva" na aproximação para aterragem, sendo que no relatório consta que este "não reagiu ao alerta nem seguiu o procedimento".
O GPIAAF considera que o comandante "forçou a aeronave (com o nariz para baixo) em velocidades acima das previamente calculadas e estabelecidas" no manual, sendo que as condições de vento aquando da aterragem "estavam dentro dos limites estabelecidos" nos manuais de voo e de operações, não tendo sido por isso responsáveis pela aterragem ‘aos saltos’.
No relatório é referido que “a repetibilidade das tarefas na mesma rota levou os pilotos a efetuarem briefings parciais [incompletos] e, em alguns casos, realizados fora dos momentos previstos nos SOPs [procedimentos padrões do operador]. Foi ainda evidenciado cansaço em ambos os tripulantes, especialmente do PIC/PF [piloto comandante] durante todo o voo e que se veio a traduzir numa aparente apatia nos pós evento, levando o PIC alguns minutos a reagir ao acidente".
Para os investigadores, "foram evidenciadas falhas nos procedimentos, provavelmente por tentativa de simplificação e precipitação de tarefas, eventualmente por fadiga".
Contactada pela agência Lusa, a TAP confirma que recebeu o relatório, que "está a ser objeto de cuidadosa análise".