Os hospitais públicos estão a adiar exames oncológicos para lucrar com rastreios.
Segundo o a notícia avançada pelo jornal Expresso, este sábado, há centenas de doentes em tratamento oncológico que esperam por exames ao cólon e reto porque utentes que vão fazer colonoscopias de rastreio estão a ter prioridade.
De acordo com a denúncia da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a situação deve-se ao facto de o Ministério da Saúde ter passado a dar a estas unidades hospitalares, no ano passado, um incentivo financeiro para casos de prevenção e/ou avaliação de pólipos e lesões cancerígenas. “É uma vergonha o que se está a fazer. Se tivéssemos capacidade instalada nos hospitais não teria problema algum, mas faltam anestesistas, colonoscópios, o material não é renovado. É uma política desastrosa, com um enorme desperdício de dinheiro"”, disse Luís Tomé, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, citado pelo Expresso.
O mesmo jornal escreve ainda que uma colonoscopia na atividade regular é paga por cerca de 169,73 euros – tal como recebem os privados com acordo – , mas quando é para vigilância, a mesma colonoscopia vale 378 euros.
Em declarações ao Expresso, a Administração Regional de Saúde de Lisboa afirmou que a prevenção é "fundamental para reduzir a mortalidade e mobilidade por cancro do colón e reto, doença que ainda está em fase ascendente".
Também a ARS do Altejo garantiu ao mesmo jornal que "só os utentes com resultado positivo na pesquisa de sangue oculto necessitam de colonoscopia e, nesta situação, estão em igualdade de circunstâncias com outros utentes com sintomas".