Há décadas que os problemas dos professores se vêm agravando sem que os consecutivos e o atual governos os resolvam. Quem o disse foi Mário Nogueira, líder da Fenprof, perante milhares de professores em Lisboa. E, garante, os professores não irão baixar os braços para recuperarem o tempo de serviço integral.
"Estes problemas foram-se agravando ao longo da última década e o atual governo limitou-se a carregá-los consigo, preparando-se para terminar o mandato em que não teve capacidade, não teve coragem e não teve vontade de tomar qualquer medida que pusesse cobro aos mesmos", disse Nogueira, acusando de seguida o governo de "alimentar um processo de ataque continuado e desvalorização da profissão docente".
"Comprometeram-se a esclarecer as escolas sobre as organizações dos horários dos docentes para acabar com os abusos e ilegalidades, mas não cumpriram", acusou o dirigente sindical, criticando de seguida o governo por não ter resolvido os problemas da precariedade entre a classe: "Muitos professores contratados, com 10, 15 e 20 anos de serviço que estão nas escolas e a inaceitável situação de sub-emprego que se vive nas AEC confirmam que também não cumpriu esse compromisso". "[Há] milhares de docentes com vínculos precários a satisfazer necessidades permanentes de escolas", acrescentou.
Num apelo à mobilização, Nogueira garantiu que se no passado os professores conseguiram que as suas reivindicações fossem aceites, isso apenas se deveu aos professores por nada lhes ter sido oferecido, mas "conquistado com a luta dos professores. Depois, garantiu que a "recuperação de todo o tempo de serviço – nove anos, quatro meses e dois dias" é a exigência pela qual os professores nunca irão abdicar.
"Os professores não abdicarão desse tempo de serviço contabilizado na totalidade, porque esse tempo é seu, porque é justo e porque não admitem ser discriminados e porque é aquilo que decorre da lei e deve ser aplicado", sublinhou.
No início da manifestação de hoje, Nogueira garantiu, em declarações à SIC Notícias, que os professores não baixarão os braços e que já estão a ponderar avançar com uma "greve às avaliações finais do ano" caso o debate de 16 de abril sobre a lei aprovada pelo governo e promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não seja alterada ou se não avançar uma alternativa.
A lei do governo estipula uma recuperação do tempo de serviço de dois anos, quatro meses e 18 dias, enquanto os professores querem a contagem integral. Além da possível greve às avaliações, os professores já convocaram uma manifestação para 5 de outubro, um dia antes das legislativas.