Rosa Grilo – mulher de Luís Grilo – e o seu amante António Joaquim foram ontem acusados pelo homicídio do triatleta.
“O Ministério Público requereu o julgamento, em tribunal coletivo, com júri, contra dois arguidos, pela prática, em coautoria, de crimes de homicídio agravado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida”, revelou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), numa nota publicada no site oficial.
É ainda referido que a mulher da vítima e o seu amante terão “combinado e planeado tirar a vida àquele, mediante o uso de arma de fogo”, o que fizeram entre o fim do dia 15 de julho do ano passado e o dia seguinte, “no interior da residência do casal”.
“Por forma a ocultar o sucedido, ambos os arguidos transportaram o cadáver da vítima para um caminho de terra batida, distante da residência, onde o abandonaram”, continua a nota. Os dois arguidos encontram-se atualmente em prisão preventiva.
O Ministério Público pede inclusivamente “a aplicação da pena acessória de declaração de indignidade sucessória à arguida e de suspensão do exercício de função ao arguido [funcionário judicial], bem como a recolha de ADN a ambos”. Além disso, o MP pediu também que fosse designado um “curador especial” para o filho do casal Grilo e “deduziu pedido de indemnização civil, em representação do menor”, contra os dois arguidos.
O caso Luís Grilo tinha 50 anos e morava em Cachoeiras, Vila Franca de Xira. Desapareceu a 16 de julho de 2018. Trinta e nove dias depois, o seu corpo foi encontrado a cerca de 140 quilómetros de casa – estava nu, tinha um saco na cabeça e apresentava sinais de violência.
Segundo as declarações da mulher do triatleta, na altura, à GNR, Luís Grilo tinha saído de casa no dia 16 de julho pelas 16h para fazer um treino de bicicleta, não tendo regressado para levar o filho à natação, como tinha combinado.
Dois dias depois, as autoridades foram contactadas porque o telemóvel do triatleta tinha aparecido. O aparelho estava caído perto de uma estrada junto a Casais de Marmeleira – a cerca de seis quilómetros do local onde o triatleta morava.
Quem na altura considerou o percurso do atleta “estranho” foi o seu treinador, que disse às autoridades que este não gostava de andar de bicicleta em estrada e que deveria estar a descansar nesse dia.
Outro indício que levou os investigadores a desconfiarem da mulher da vítima foi o facto de ninguém conseguir confirmar a versão contada por Rosa Grilo acerca da hora a que o homem terá saído de casa.
Os investigadores começaram a juntar os depoimentos dados e a informação que tinham e perceberam que só alguém que conhecesse a rotina do triatleta poderia orquestrar um crime como este.
Com o desenvolvimento da investigação, todos os indícios terão apontado para Rosa Grilo, mas as autoridades continuaram a investigar.
Em setembro do ano passado, em entrevista à TVI24, Rosa Grilo negou por diversas vezes qualquer envolvimento no homicídio do marido. “Não tenho nada a ver com isso”, disse. Nos últimos meses, a sua versão foi mudando sempre que se descobria um novo facto.