A Islândia não é apenas uma ilha. Não é apenas um destino de neve. O país nórdico dividido entre a placa tectónica norte americana e a da euroasia esconde muitos tesouros – ali os monumentos são todos naturais. A capital é um bom ponto de partida, ainda que nada mais do que isso: os sorrisos inesperados dos islandeses nas ruas de Reiquiavique deixam antecipar muito sobre os 338 mil habitantes.
Nesta altura do ano há ainda muitas estradas cortadas, sobretudo a norte, devido às condições adversas, mas a costa sul é, com muita adrenalina à mistura, perfeitamente circulável. O primeiro ponto de paragem do b,i. foi o Parque Nacional Þingvellir, onde se encontram a fenda entre as duas placas tectónicas, várias cascatas, algumas quase congeladas, e pequenos lagos. Na fenda da Silfra são muitos os que se aventuram a mergulhar entre os dois continentes, uma fissura com mais de 60 metros de profundidade. À volta, o contraste do branco da neve com o escuro das pedras vulcânicas dão um encanto adicional a um espaço onde é possível passar várias horas.
Os Geiseres, a cerca de uma hora de carro, são mais uma demonstração de que na Islândia a terra interage com as pessoas, mostrando-lhes o pior, mas sobretudo o seu melhor. Mas se há lugar onde os olhos se fixam e até se deixa de sentir a temperatura negativa é na cascata de Gullfoss.
E se as cascatas de Skógafoss e Seljalandsfoss são obrigatórias para quem quer conhecer o sul da ilha, a verdade é que não é preciso grande programação para conseguir dar de caras com uma paisagem de sonho. Basta às vezes ir às traseiras do hotel onde se fica hospedado. Foi o que nos aconteceu em Skaftafel. Não será por acaso que se avistam vários estrangeiros a fazer as suas produções fotográficas de casamento naquele país, como se pode ver na primeira imagem deste portefólio – aconteceu na última semana na praia de Sólheimasandur, junto ao avião da Marinha dos EUA que em 1973 viu a viagem interrompida por falta de combustível. Na altura não houve qualquer vítima mortal e hoje o aparelho é muito procurado pelos visitantes. Tudo o resto, incluindo as cores das ice caves e dos glaciares de Jökulsárlón, deixamos que sejam as imagens a falar por si.
Turismo e economia
Ainda que sejam cada vez mais os turistas – nos últimos anos mais do que duplicou o número de estabelecimentos hoteleiros, passando de 19.907 em 2010 para 44.508 em 2017 – a verdade é que o desconhecimento e os preços elevados continuam a afastar muitos. Dez anos depois de ter enfrentado uma dura crise financeira – com a falência dos principais bancos -, a Islândia tenta hoje virar a página. Ainda não tem o nível de vida de outrora – que era sobretudo assente no sucesso do setor bancário – mas a recuperação económica tem sido exemplar. E para isso o turismo tem sido fundamental: em seis anos o volume anual de visitantes subiu de um milhão para dois milhões.
Em período de crescimento tem aumentado também o número de portugueses a emigrar para a Islândia, depois dos 88 cidadãos nacionais que foram viver para o país em 2013, em 2016 e 2017 já se registaram 220 e 270 respetivamente.
A crise, deixou marcas, mas parece ter passado. Como diriam os próprios islandeses: «þetta reddast!». Ou seja, no fim tudo acaba bem.