De acordo com o despacho a que a agência Lusa teve, esta terça-feira, acesso, o Ministério Público (MP) atribui a António Joaquim, o alegado amante de Rosa Grilo, a autoria do disparo que matou Luís Grilo. Tudo terá acontecido no momento em que o triatleta dormia.
O despacho refere que os dois arguidos, ambos de 43 anos, depois de trocarem 22 mensagens escritas em apenas três minutos – das 19h02 às 19h05 do dia 15 de julho de 2018 -, "combinando os últimos detalhes relativo ao plano por ambos delineado para tirar a vida de Luís Grilo", decidiram desligar os respetivos telemóveis.
Já no dia seguinte, em hora não concreta, "em execução do plano comum que já haviam acordado há, pelo menos, sete semanas", António Joaquim, na posse de uma arma de fogo municiada, deslocou-se à habitação onde Rosa Grilo morava com o marido, em Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira.
A acusação refere que António Joaquim entrou na residência "com o conhecimento" da arguida, tendo ambos percorrido a habitação para chegarem ao quarto dos hóspedes, no primeiro andar, para encontrarem Luís Grilo, que estava a dormir. "Aí chegados, os arguidos Rosa Grilo e António Joaquim dirigiram-se a Luís Grilo e, em ato contínuo, António Joaquim apontou a referida arma na direção do corpo de Luís Grilo e efetuou um disparo, a uma distância não concretamente apurada, atingindo o crânio deste", descreve o despacho do MP, citado pela Lusa.
O relatório acrescenta ainda que "por terem dúvidas se Luís Grilo estaria morto", ambos "desferiram pancadas com objeto não concretamente apurado na face" do triatleta.
Depois de terem a certeza de que Luís Grilo estava morto, os arguidos “colocaram um saco do lixo preto em redor do crânio e apertaram-no com uma corda, de forma a limitar o derrame de sangue".
Depois, despiram o cadáver e colocaram-no num edredão que Rosa Grilo tinha na sua habitação, transportaram o corpo para uma viatura, e dirigiram-se para um terreno rural a 20 quilómetros da localidade de Benavila, no concelho de Avis.
Recorde-se que o corpo do triatleta foi encontrado mais de um mês depois do seu desaparecimento, a 16 de julho de 2018, com sinais de violência e em adiantado estado de decomposição.
Assim, para o MP, os dois arguidos decidiram elaborar um plano para matar Luís Grilo de forma a poderem assumir a relação e ficarem com os seus bens, nomeadamente uma indemnização de seguros que rondava os 500.000 euros.
"Na sequência do relacionamento amoroso extraconjugal que Rosa Grilo mantinha com António Joaquim, e do aumento da intensidade da vontade de estarem juntos, os arguidos formularam o propósito de tirar a vida a Luís Grilo", lê-se na acusação.
"Em simultâneo, assegurar uma situação económica abastada a Rosa Grilo, da qual António Joaquim iria beneficiar, nomeadamente com a assunção em nome próprio e em exclusividade dos negócios das sociedades comerciais de que Luís Grilo era gerente, bem como dos valores indemnizatórios a serem pagos pelos seguros de vida de que Rosa Grilo e RG (filho) eram beneficiários, cujo montante total ascendia, pelo menos, à quantia de 500.000 euros, bem como a habitação comum do casal e todo o dinheiro depositado em contas bancárias junto das instituições bancárias de que Luís Grilo era titular", sustenta ainda o MP, citado pela Lusa.