O autoproclamado Presidente da Venezuela, Juan Guaidó, foi atacado na terça-feira por uma multidão enquanto saía de uma sessão da Assembleia Nacional, órgão legislativo, eleito democraticamente, controlado pela oposição venezuelana. Vários homens atiraram pedras e objetos variados ao carro em que Guaidó seguia, enquanto um outro tentava abrir uma das portas do veículo. “Hoje [terça-feira] foi muito sério, muito lamentável, o que poderia ter terminado numa tragédia”, disse a esposa de Guaidó, Fabiana Rosales.
Os agressores ainda não foram identificados, mas os EUA já reagiram ao incidente atribuindo as responsabilidades ao Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro. “Condenamos o ataque à caravana de Juan Guaidó e o relatado assédio a membros, deputados e jornalistas na Assembleia Nacional”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, no Twitter. “Maduro e as suas milícias apenas conhecem a intimidação. Mas a democracia não pode ser intimidada”.
Uma situação que se junta à de um novo apagão no país, que já vai no terceiro dia consecutivo. Os bairros estão sem luz e as poucas lojas que ainda a têm – conseguem-no com geradores – são rapidamente invadidas por quem procura algo para comer. Nas ruas, descreve a AFP, também não é difícil encontrar quem ande à procura de um local onde consiga apanhar uma antena funcional. A grande maioria das empresas estão encerradas. Para acalmar a situação, Maduro declarou feriados para que as pessoas não tenham de circular pela cidade.
“A Venezuela já não tem qualquer hipótese, não há vida aqui”, disse Johnny Vargas, dono de um restaurante, à agência de notícias francesa. “As pessoas já não conseguem trabalhar, não podemos fazer nada”, acrescentou.
No último apagão, a Venezuela ficou sem eletricidade por mais de uma semana, com a já de si frágil economia venezuelana a sofrer pesadas perdas. Segundo a consultora venezuelana Ecoanalítica, os prejuízos foram na ordem dos 875 milhões de dólares, com a indústria petrolífera a ser profundamente afetada. E pelo menos 24 pessoas, sobretudo pacientes que precisavam de tratamentos médicos, acabaram por morrer.
Maduro não tem dúvidas de que os dois apagões são obra de Washington, a quem acusou de tentar levar a cabo um golpe de Estado. Depois da entrada de ajuda humanitária liderada por Guaidó ter falhado, a Venezuela começou a ser alvo de apagões com ataques informáticos e o autoproclamado Presidente chegou a dizer que a energia regressaria quando Maduro abandonasse o poder, o que foi encarado como chantagem.