A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) exigiu esta quinta-feira que a Liga proceda à integração do Gil Vicente no escalão maior na próxima temporada, ainda devido à polémica do chamado caso Mateus, que levou à descida dos gilistas na secretaria em 2005/06, devido a alegada utilização irregular do avançado angolano que hoje representa o Boavista. Uma tomada de posição que agradou sobremaneira a António Fiúsa, presidente do Gil Vicente na altura do processo.
"A FPF esteve muito bem ao fazer este comunicado para clarificar isto tudo. Já há dois anos que o Gil Vicente era para ter subido, mas manobras de bastidores e tráfico de influências de alguns clubes que nunca querem descer fizeram com que fosse retirado esse ponto na ordem de trabalhos numa assembleia-geral da Liga", afirmou à agência Lusa o antigo dirigente do clube minhoto.
Em declarações ao jornal "A Bola", Fiúsa foi ainda mais longe e reservou palavras duras para Pedro Proença, o presidente da Liga. "Quem devia ter feito este comunicado era a Liga e o seu presidente, mas o Pedro Proença é, na realidade, um banana. Ele lembra-se bem do acordo que fez com o Gil Vicente, mas quer jogar em vários tabuleiros. É um jogador nato. Está em ano de eleições e quer os clubes por perto para um novo mandato", acusou, prometendo ir "para a primeira linha se forem feitas algumas besteiras" pela população de Barcelos.
Esta época, o Gil Vicente vai competindo na série A do Campeonato de Portugal. Os resultados dos seus jogos, contudo, não contam para a classificação final por determinação federativa, na sequência de uma decisão do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, em 2016, que declarou nula a decisão de descida do Gil Vicente tomada pelo Conselho de Justiça da FPF em agosto de 2006.
A 12 de dezembro de 2017, a Liga anunciou a reintegração do clube de Barcelos na I Liga, tendo ficado previsto desde janeiro de 2018 que o Gil voltaria ao escalão maior na próxima temporada. A decisão, todavia, não foi bem aceite por alguns clubes do principal escalão, que ainda recentemente admitiram recorrer à justiça para impugnar o campeonato, alegando que a decisão judicial de 2016 não obriga à reintegração do clube de Barcelos.
Esta quinta-feira, o G-15 (grupo que reúne vários clubes da I e II ligas sem a presença de Benfica, FC Porto e Sporting) esteve reunido em Vila Nova de Gaia e decidiu pedir um encontro com a direção da Liga para discutir o tema. Carlos Pereira, presidente do Marítimo, assumiu novamente a função de porta-voz do G-15 e explicou que os clubes pretendem, acima de tudo, ver esclarecida a situação do Gil Vicente e perceber se este vai ou não ser de facto integrado na Liga já na próxima época. De acordo com o líder do clube madeirense, a reunião com Pedro Proença acontecerá já na próxima segunda-feira, pelas 10h30, também em Vila Nova de Gaia.