Chegou muito antes de começar a sessão da tarde do julgamento de Abdesselam Tazi, marroquino acusado de terrorismo, e sentou-se numa das cadeiras do corredor do 5.o andar do Edifício A do Campus de Justiça. À entrada do tribunal, a mulher, na casa dos 40 anos, já se havia identificado como diplomata japonesa, exibindo mesmo um documento amarelo desdobrável plastificado onde se podia ler “Embassy of Japan”. A fotografia batia certo e o nome que constava no documento foi registado na folha dos seguranças. Na revista também não foi detetado qualquer objeto proibido.
A japonesa, que viria a dizer aos funcionários não falar português nem francês, queria assistir ao julgamento do marroquino que o MP acredita ter ligações ao Estado Islâmico, que decorreu precisamente nestes dois idiomas.
Tratando-se de um julgamento de crimes de terrorismo internacional, o episódio lançou o alerta no coletivo no final dos trabalhos e o i sabe que o tribunal se prepara para deixar as portas da sala de julgamentos apenas abertas aos jornalistas e a quem obtiver autorização prévia dos juízes – já a partir de amanhã.
Ontem, o i questionou a embaixada do Japão sobre esta presença insólita e a resposta foi clara. “Não é ninguém da embaixada”, disse por telefone uma fonte, adiantando que a embaixada não pretendia fazer mais comentários.