O potencial do lítio em Portugal

Em Portugal, as principais reservas de lítio estão no norte e no centro. A chamada ‘carbonização de lítio’ no nosso país está sediada especialmente em Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Trancoso, Mangualde, Montalegre e Boticas. Que se presume garantirem, no mínimo, dez anos de exploração. O que faz de Portugal um caso especial no contexto…

«Há uma ditadura da imagem brutal que não compreendo e à qual chamo terrorismo».

Ana Bustorff

Chamam-lhe tudo o que sirva para o elevar à categoria de grande achado, de descoberta com valor económico e social relevante para o país e para as nossas contas nacionais. Desde ‘petróleo branco’, até ‘ouro branco’, passando por ‘riqueza extrema’ e ‘tesouro nacional’.

Desde o ano de 2016 que um grupo de estudos multidisciplinar procura minuciosamente fazer a identificação rigorosa do potencial do lítio em Portugal. Das verdadeiras reservas de lítio existentes no nosso território e também da sua viabilidade económica.

Os grandes líderes mundiais de extração e produção de lítio estão no continente americano. Mais concretamente na América do Sul.

Portugal pode ser o sexto maior país produtor mundial de lítio. O primeiro é a Austrália, seguida pelo Chile, Argentina, China e Zimbabué. Mas, em reservas, o nosso país poderá ser o quinto. O primeiro será o Chile, e depois a China, a Austrália e a Argentina.

Foi há mais de dois séculos que um brasileiro e um sueco descobriram o lítio. Mais concretamente, João Bonifácio de Andrade e Silva (brasileiro, 1763-1838) e Johan Art Wedson (sueco, 1792-1841).

É no chamado ‘triângulo do petróleo branco’ do mundo (Chile, Argentina e Bolívia) que o lítio é mais barato e fácil de extrair. Mais concretamente na Bolívia, em Salar de Uyuni, aquilo a que têm chamado uma ‘extensa planície de sal’.

O lítio tem visto a sua cotação internacional subir vertiginosamente nos últimos anos. Confirmando a sua necessidade e a sua utilidade. Em particular no fabrico de baterias para carros e telemóveis.

Em Portugal, as principais reservas de lítio estão no norte e no centro. A chamada ‘carbonização de lítio’ no nosso país está sediada especialmente em Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Trancoso, Mangualde, Montalegre e Boticas. Que se presume garantirem, no mínimo, dez anos de exploração. O que faz de Portugal um caso especial no contexto europeu. Com reservas de várias dezenas de milhões de toneladas.

Os pedidos para prospeção de lítio feitos ao Ministério do Ambiente são já inúmeros.

Chegou-se a temer pela inundação de uma reserva importante de lítio (no território das Covas do Barroso) com a construção de uma barragem da Iberdrola.

Este tesouro, que o nosso país tem como poucos, deve ou não ser utilizado? Parece-me que sim. Que Portugal deve fazê-lo. Com regras claras. Onde têm ser acautelados vários princípios e valores, como a segurança, o ambiente e a justa compensação para os territórios, municípios e freguesias onde a extração e produção de lítio sejam mais intrusivos. Como não custa reconhecer, quem mais terá de adaptar a sua vida à produção intensiva deste novo ouro nacional deverá ser profusamente beneficiado e compensado.

 

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