Cinquenta e sete anos depois da publicação de "A Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, foi descoberta uma sequela perdida do romance que deu um dos mais celebrados filmes de Stanley Kubrick, entre papéis que tinham sido deixados numa casa do escritor britânico em Itália.
Trata-se de um manuscrito escrito entre 1972 e 1973, já depois da adaptação de Kubrick (o filme protagonizado por Malcolm McDowell estreou em 1971, e pela altura em que Burgess avançou para a escrita da sequela o filme já tinha sido retirado de circulação em Inglaterra, depois de uma série de crimes aparentemente inspirados nele), que não terá sido dado como terminado mas para o qual Burgess já tinha um título: "The Clockwork Condition".
Nele, o escritor partia para a exploração do pânico moral em que mergulhava o protagonista depois da sua libertação. Em vida, Burgess havia feito uma referência a "The Clockwork Condition", em 1975, numa entrevista, mas como apenas uma ideia. A verdade é que se trata de um manuscrito de 200 páginas, entre rascunhos datilografados, anotações, e esboços.
Descrito pelo próprio como um "grande statement filosófico sobre a condição humana contemporânea", o manuscrito foi deixado na casa que tinha em Bracciano, a 40 quilómetros de Roma.
Com a sua morte, em 1993, a propriedade foi vendida e o espólio transferido para a Burgess Foundation, em Manchester, onde tem vindo a ser catalogado.