Domingos Farinho, o professor suspeito de ser o autor do livro de José Sócrates “A Confiança no Mundo”, e António Peixoto, o blogger que escrevia sob o pseudónimo de Miguel Abrantes no blogue Câmara Corporativa, vão ser ouvidos hoje pelo juiz de instrução Ivo Rosa. As audições, na qualidade de testemunhas, acontecem no âmbito da operação Marquês. Ivo Rosa ouvirá ainda esta segunda-feira o filho de António Peixoto e a mulher de Farinho, Jane Kirby.
Recorde-se que a tese do MP, para provar que a pequena fortuna que esteve na Suíça em nome de Carlos Santo Silva é de facto de José Sócrates, passa pelas avenças recebidas por Farinho e Peixoto.
Tal como o SOL avançou na edição desta semana, Farinho foi entretanto notificado na qualidade de arguido num processo que resultou de uma certidão extraída da operação Marquês. É acusado de crimes de falsificação de documentos. Este processo terá como coarguidos José Sócrates, o empresário Rui Mão de Ferro e Jane Kirby, mulher de Domingos Farinho.
O MP acredita que o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa colaborou com o antigo primeiro-ministro na elaboração da tese de mestrado e de um outro livro que Sócrates assumiu ser escrito por si. Por estes serviços, Farinho recebeu 95 mil euros.
Para não deixar rasto do dinheiro, foi forjado um contrato entre o professor e Rui Mão de Ferro, empresário da esfera de Carlos Santos Silva, o homem que o MP suspeita ser o testa-de-ferro de José Sócrates. Como Farinho tinha um regime de exclusividade com a Faculdade de Direito, a certa altura as faturas começaram a ser passadas em nome de Jane Kirby. Ao todo, Farinho recebeu 95 mil euros por esta parceria intelectual.
Mulher de Silva Pereira também vai ser arguida
O SOL noticia também na sua última edição que Ana Bessa, mulher de Pedro Silva Pereira, também vai ser constituída arguida neste segundo processo. Ana Bessa recebeu, durante um ano, uma avença da XLM, empresa do universo de Carlos Santos Silva. O MP acredita que esta era uma forma de Sócrates movimentar o dinheiro que receberia como contrapartidas de sociedades ligadas ao Grupo Lena. Já António Peixoto veiculava opiniões e informações favoráveis ao Governo de José Sócrates a troco de uma avença alegadamente paga pelo ex-primeiro-ministro.