"Afigura-se aqui uma situação de impasse tremendo e vai começar a faltar a cervejinha no mercado. Eles podem ter muito 'stock' por agora, mas em dois meses será muito difícil responder às solicitações do mercado, até porque estamos a caminhar para o verão, que é o período de maior consumo de cerveja", sublinhou, citado pela agência Lusa, Rui Matias do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB).
Na base da paralisação, que segundo fonte do sindicato registou esta segunda-feira uma adesão de 100%, está a reivindicação de salariais "dignos e justos" e progressão na carreira.
Ao longo de toda a semana e em três períodos distintos de duas horas – das 00h às 2h, das 5h às 07h e das 8h30 às 10h30 – os trabalhadores da Central de Cervejas vão parar.
Rui Matias, do SINTAB, disse mesmo que "se até às 10h30 de terça-feira não houver nenhuma tentativa de negociação por parte da empresa, os trabalhadores vão também deixar de fazer trabalho suplementar durante todo o ano, até que a empresa os chame novamente para fazer uma negociação séria".
Já o diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, Nuno Pinto de Magalhães, garantiu, à agência Lusa, que "a empresa está aberta ao diálogo", mas acrescentou que devido à greve iniciada agora as negociações do Acordo de Empresa (AE) "estão pendentes".
A administração da empresa fez questão de frisar que nos últimos três anos o acordo alcançado em termos salariais "foi sempre acima do valor da inflação verificada", tendo ascendido em 2016 a 2% de aumento, num mínimo de 20 euros, a uma atualização de 30 euros em 2017 e a uma subida de 2%, num mínimo de 20 euros, no ano passado, acrescido de um prémio individual de 1000 euros para todos os colaboradores abrangidos pelo AE".
Por seu lado, o sindicato recorda que os trabalhadores da Central de Cervejas, sociedade dona da cerveja Sagres, "fazem muito trabalho suplementar" aos sábados, domingos e feriados, e, segundo o sindicalista, se não for possível chegar a um acordo, num prazo de dois meses começará a faltar cerveja no mercado.
Para as 9h de quinta-feira está agendado um plenário de trabalhadores que contará com a presença do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.