A Liga vai avançar com a abertura de um inquérito para averiguar os incidentes que se registaram durante a partida entre o Vitória de Setúbal e o Boavista, na noite desta segunda-feira, e também após o término do encontro, que terminou com triunfo dos axadrezados por 3-0. Entre os distúrbios conta-se uma invasão de campo por parte de adeptos sadinos e ainda ameaças à integridade física dos elementos que compunham a equipa de arbitragem liderada por Fábio Veríssimo, bem como de jornalistas de diversos órgãos.
"A Liga Portugal informa que aguarda pelos relatórios das forças de segurança e dos delegados da Liga para abrir um processo de inquérito aos factos ocorridos, na noite de segunda-feira, no estádio do Bonfim", pode ler-se no comunicado divulgado esta terça-feira pelo organismo, onde é manifestada ainda "solidariedade para com os comentadores da Sport TV e demais órgãos de comunicação social que, estando a fazer o seu trabalho, foram, alegadamente, vítimas de tentativa de agressão" e também um apelo à "calma e serenidade" de todos os agentes desportivos para as últimas duas jornadas.
A fúria dos adeptos do Vitória foi espoletada nos últimos 20 minutos, nomeadamente devido às expulsões de três jogadores do clube da casa – Semedo e Cádiz por faltas e Zequinha por palavras dirigidas ao árbitro. Alguns adeptos entraram em campo, o que levou também à entrada da polícia de intervenção, com a partida a ficar parada durante mais de dez minutos.
Após o apito final, o presidente dos sadinos, Vítor Hugo Valente, teceu críticas duríssimas a Fábio Veríssimo, a quem chamou de "carteiro com encomendas" e cuja arbitragem classificou como "um nojo", garantindo ainda o veto ao juiz para apitar jogos do Vitória de Setúbal no futuro. Ao tomar conhecimento destas declarações, o Conselho de Arbitragem, liderado por José Fontelas Gomes, apresentou desde logo ao Conselho de Disciplina uma participação disciplinar contra o dirigente sadino, numa prática semelhante à que aconteceu há poucas semanas com FC Porto e Braga.
Já esta terça-feira, a APAF (Associação Portuguesa de Árbitro de Futebol) manifestou igualmente repúdio para com as declarações de Vítor Hugo Valente, acusando-as de "total falta de responsabilidade para o cargo que desempenha". "Esperamos que a justiça desportiva e cível sejam céleres de forma a que se puna, de forma responsável, esta tipologia de atos que, semana após semana, destrói o futebol português", diz o comunicado. A APAF apresentou entretanto uma participação disciplinar contra o presidente do Vitória de Setúbal, estando ainda a analisar uma queixa junto dos tribunais civis.
Refira-se ainda que a equipa liderada por Fábio Veríssimo só deixou o Estádio do Bonfim mais de duas horas após o apito final, tendo mesmo escolta policial: oito batedores acompanharam o árbitro de Leiria e seus auxiliares até estes entrarem na autoestrada.