Oito antigos ministros do Ambiente brasileiros assinaram uma carta conjunta criticando o desmantelamento da pasta, sob o Governo de Jair Bolsonaro – que acusam de ter uma "política irracional", com a sucessiva desregulação de atividades que põem em causa o meio ambiente. "Nunca pensamos que pudéssemos testemunhar um esforço tão malévolo e destrutivo", consideraram os ex-ministros.
Os vários ministros, que exerceram funções em executivos com mais variadas afiliações políticas – do Governo de Itamar Franco, ao de Fernando Henrique Cardoso, passando por Lula da Silva, Dilma Roussef e até Michel Temer – são unanimes em considerar que as atuais políticas de Bolsonaro "esvaziam a capacidade de formulação e implementação de políticas públicas", por parte do ministério do Ambiente. Também foi alvo de críticas a frequente negação das alterações climáticas pelo executivo de Bolsonaro. "O negacionismo climático é muito grave porque se trata de um desenvolvimento global, um assunto geopolítico. O Brasil não pode ser a rainha má do 'Game of Thrones' climático", afirmou a ex-ministra Izabella Teixeira.
Para além dos estragos ambientais "irreparáveis" causados pela desregulação, o Brasil pode ainda sofrer perdas económicas, segundo Marina Silva, ex-ministra do Ambiente e ex-candidata à Presidência. "A União Europeia está dificultando novos acordos com a Mercosul [união comercial da América Latina] em razão da nossa política económica", considerou Marina Silva, que acrescentou: "Vamos sofrer com barreiras tarifárias. Vamos voltar ao tempo da pressão externa. O agronegócio vai pagar o preço por quem tem uma visão atrasada. A mineração vai pagar porque vão dizer que nossas commodities são produzidas à custa das nossas florestas".
O atual ministro do Ambiente, Ricardo Salles, respondeu em comunicado à carta dos ex-ministros, assegurando que a sua política não coloca em risco a imagem e credibilidade internacional do Brasil, ao contrário da "campanha de difamação promovida por ONG's e supostos especialistas", que acusa de preconceito ideológico. O ministro do Ambiente lembrou ainda a importância em conseguir o "necessário e impostergável desenvolvimento económico", que supostamente virá com a flexibilização do processo de licenciar indústrias.